Geração de párias
Por Alexandre Costa
O que esperar de um país onde 35,9% de seus jovens estão fora das salas de aulas e da força de trabalho e seguem sem qualquer perspectiva de formação profissional para serem absorvidos pelo mercado de trabalho. Estou falando da “Geração Nem-Nem”, uma legião de jovens brasileiros na faixa etária de 18 a 24 anos que nem estudam, e nem trabalham.
Uma Pesquisa recente da OCDE-Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, enquadrou o Brasil como segundo maior do ranking desses desocupados, perdemos apenas para a África do Sul que lidera com os seus 46,2%%. Que vexame! Na antessala para adentramos nessa organização, conhecida como o Clube dos Ricos, esses índices vergonhosos depõem contra o Brasil expondo o descaso e a forma cruel de como tratamos a nossa força de trabalho do futuro.
São números gritantes, segundo o IBGE a geração Nem-Nem no Brasil chega a um contingente de mais de 14 milhões. Estudo do IPEA-Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada aponta que cada jovem que ingressa na vida adulta sem diploma de ensino superior pode perder R$ 20 mil por ano em rendimentos. Uma continha rápida com esses números nos leva a uma perda anual do PIB na ordem de R$ 280 bilhões.
Afinal, quais seriam as origens causas e fatores para produzir essa geração de desalentados? Especialistas atribuem o problema as crises econômicas e a profundas transformações sociais que o mundo experimentou nas últimas décadas. As facilidades do mundo moderno induziu a falta de ambição para esses jovens se desenvolverem profissionalmente e a ojeriza em realizar trabalhos de pouco prestigio. O que temos hoje é um estrato importante e estratégico da nossa força potencial de trabalho totalmente ociosa que passa o dia inteiro assistindo Netflix, comendo pipoca, jogando videogame, navegando em redes sociais e consumindo álcool e drogas.
A representante brasileira no Conselho Educacional da ONU, Paloma Martins, põe o dedo na ferida: “não são os jovens que não querem estudar ou trabalhar, eles simplesmente não conseguem. Não se trata de falta recurso público, o problema é gestão. Não adianta abrir escolas e esperar que as pessoas apareçam, temos uma arcaica cartilha escolar dos tempos da ditadura. A evasão é certa”.
Enquanto o poder público finge que não enxerga e não atua para mitigar esse fenômeno, alguns estudos já alertam que essa crise geracional que produz pessoas improdutivas e frustradas dependentes do auxílio do estado e de familiares próximos tem efeitos catastróficos na economia no médio e longo prazo culminando com um grave problema social de consequências devastadoras que comprometem o futuro do país. Estamos produzindo uma geração de Párias.
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