G20, fome e guerra
Por Alexandre Costa – A cúpula das 20 maiores economias do mundo (G20), ocorrida no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, chegou a seu fim marcado por atribulados eventos domésticos paralelos que ofuscaram a grandeza e a dimensão internacional do evento.
Começou pela execução de um delator do PCC em pleno dia no maior aeroporto do país, depois a ação extremista de um tresloucado militante político que se explodiu politico em plena praça dos três poderes em Brasília e por fim a ação da Polícia Federal que prendeu militares do exército acusados de urdir um audacioso e mirabolante plano, não executado, para matar por envenenamento então presidente recém-eleito Lula da Silva e seu vice-presidente Geraldo Alkmin. Algo fantasioso associado a uma trama macabra que se enquadraria perfeitamente num episódio da série americana House of Cards.
Mesmo com todo esse barulho por trás deste encontro com os 20 maiores líderes do planeta, o Brasil saiu vitorioso. Ao assumir a presidência do G20 o presidente Lula da Silva definiu três pilares de discussão pelas lideranças internacionais: transição energética e desenvolvimento sustentável, reforma dos organismos de governança internacional e o combate à fome e a pobreza.
Destes três pilares, Lula conseguiu emplacar na declaração final conjunta do encontro, a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. A princípio com um posicionamento contrario do presidente argentino, o ultra liberal Javier Milei, que no fim cedeu em nome do consenso.
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A Aliança Global nasce respaldada com a adesão de 82 países e 66 organismos internacionais entre eles bancos multilaterais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) além de fundações internacionais de peso como a Rockfeller e a Gates.
Com sede na Itália, a Aliança Global pretende funcionar já a partir de 2025 com um secretariado sediado na FAO-Organização das Nações Unidas para a Alimentação e começa atuando mobilizando fundos que já existem para exitosos programas mundiais de combate a fome como é o caso aqui no Brasil do Bolsa Família.
A diplomacia brasileira bem que se esforçou para colocar a fome e a pobreza no centro do debate, mas uma decisão dos EUA, na véspera do encontro, de autorizar misseis de longo alcance para atacar alvos dentro do território russo trouxe para a mesa de discussões a preocupante e possível escalada de um conflito mundial a partir das guerras no Oriente Médio e na Ucrânia.
O clima esquentou quando o mandatário russo, Vladimir Putin, entendeu o ataque da Ucrânia ao território russo com misseis americanos como um ataque do ocidente e ameaçou retaliar a OTAN com um ataque nuclear. A partir daí os membros do G7, presentes no evento, se engalfinharam, sem resultados, numa proposta de consenso para um cessar-fogo nestas duas guerras.
Considerando que nas duas ultimas cúpulas do G20 a falta de consenso impediu a divulgação do protocolar Comunicado Final, o Brasil saiu maior do que entrou nesta cúpula, uma vitória da diplomacia brasileira que se agigantou se consolidando uma das mais respeitadas do mundo.
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