Fome x super-ricos
Por Alexandre Costa – No mesmo dia em que a FAO, (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) apontou em seu relatório sobre a segurança alimentar no mundo, indicadores preocupantes mostrando que a fome ainda aflige 14, milhões de brasileiros com insegurança alimentar grave, o presidente Lula anunciava, (nesta quarta-feira, 20), no Rio de Janeiro, em um evento do G20 (Um fórum multilateral que engloba 19 países, União Europeia e a União Africana), um pomposo projeto de alcance mundial denominado “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”.
Simples coincidência ou uma ousada estratégia do nosso maroto presidente para se tornar um líder mundial no combate à desigualdade social no planeta com o dinheiro dos outros? A ideia não é nova e já se arrasta por anos a fio, e o Lula já tem endereço certo para levantar a grana para bancar esse projeto: taxar os super-ricos!
Desde dezembro do ano passado quando o Brasil assumiu a presidência do G20, que vai até novembro de 2025, Lula deu o tom ao levantar a bandeira de combater a fome e a pobreza no mundo argumentando que metendo a mão no bolso dos super-ricos estaria resolvida a fonte de recursos para bancar o seu projeto “Aliança Global contra a Fome”.
Neste mesmo evento no Rio de Janeiro o presidente escalou seu ministro da Fazenda Fernando Haddad para justificar a taxação dos ricaços: “um imposto de 2% sobre as grandes fortunas renderiam cerca de R$ 1,4 trilhão por ano. Um valor aproximadamente cinco vezes o que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao combate à fome e à pobreza em 2022”.
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Esses números são frutos de um detalhado estudo encomendado pelo G20 ao economista francês Gabriel Zucman que tem como ideia principal iniciar a taxação apenas sobre os 3 mil afortunados ao redor do mundo com um patrimônio acima de US$ 1 bilhão. Nesta seleta lista constam 50 brasileiros entre os 105 bilionários na América Latina. O G7 já sinalizou encampar a proposta enquanto a França Espanha e Bélgica, já formalizaram apoio à cobrança deste novo tributo mundial, mas não é o suficiente para ideia vingar. Presidentes de Bancos Centrais e ministros de finanças de todo o mundo ainda não chegaram a um consenso sobre o tema. Ainda temos muita pedreira pela frente.
A instabilidade geopolítica agravada pelos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza embaçou o protagonismo do nosso líder Tupiniquim no evento do G20, mas não se pode negar o nobre e louvável proposta do arauto da fome em iniciar uma cruzada para combater a pobreza no mundo sendo bancada por quem já tem tudo.
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