Fome de justiça social
Por José Antônio – Os principais meios de comunicações do Brasil, neste último dia 24 de julho, pautaram em seus noticiários um estudo de cinco agências da ONU de que cerca de 8,4 milhões de brasileiros passaram fome entre 2021 e 2023 e os dados indicam que, no mesmo período, o número de brasileiros em insegurança alimentar foi de 39,7 milhões, sendo 14,3 milhões estavam em estado severo.
O conceito de fome, no Brasil, utilizado por diferentes setores da população, “abarca desde aquela sensação fisiológica ligada à vontade de comer, conhecida de todos nós, até as formas mais brutais de violentação do ser humano, ligadas à pobreza e à exclusão social”.
A fome no mundo é um problema que permanece atual. As suas causas estão relacionadas a diversos problemas políticos, econômicos, estruturais e climáticos que se mostram preponderantes, mesmo com o acentuado aumento da produção alimentícia em nível mundial.
Segundo a CONAB, a expectativa é que o Brasil produza 295,4 milhões de toneladas de grãos em 2023/2024, 24,3 milhões de toneladas a menos em relação as 319,8 milhões de toneladas alcançadas na safra anterior, que foi recorde. A nova projeção é também menor que os 317,5 milhões de toneladas estimados em um primeiro levantamento sobre a atual safra. Esta redução foi em função da tragédia climática no Rio Grande do Sul.
A pergunta é: por que somos um dos maiores produtores de grãos do mundo e quase 40 milhões de brasileiros passaram fome entre 2021 e 2023? Falta de conhecimento não é porque a Organização das Nações Unidas, através da FAO, acaba de lançar no Rio de Janeiro a edição anual do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” com informações detalhadas sobre esta questão e lá estamos nós entre as nações que têm um grande número de filhos em estado de emergência alimentar e outros passando fome mesmo.
Eu tive uma dolorosa experiência quando fui candidato a vice-prefeito de Cajazeiras, em 2016, ao visitar inúmeras “casas” na periferia e constatei o que ouvia falar: fome em muitos lares cajazeirenses. Acredito que pouco mudou daqueles para os atuais dias.
O Programa Bolsa Família, instituído por lei, em 2004, é o maior programa de transferência de renda e combate à fome e a pobreza do país, que no governo de Bolsonaro chamava-se Auxilio Brasil e a principal regra para participar é ter renda mensal familiar de até 218 reais por pessoa.
Em Cajazeiras 7.076 famílias recebem o Auxílio Gás do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que representa R$ 721 mil. Já Bolsa Família tem 12.760 famílias recebendo o benefício social de renda mínima do Governo Federal, injetando R$ 8.460.585,00.
São números assustadores e preocupantes, quando se sabe que mais de 12 mil famílias de nossa cidade recebem este auxilio do governo federal.
Este é um tema que deve ser posto na mesa dos debates dos candidatos a prefeito de Cajazeiras, porque queremos saber quais seus planos e projetos para diminuir este estado de pobreza e fome que assolam muitos munícipes cajazeirenses.
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