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Maria do Carmo

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Fatores influenciadores na aprendizagem escolar

30/03/2023 às 20h16

Coluna de Maria do Carmo - Crédito: Getty Images

Por Maria do Carmo – A sala de aula é o espaço da concentração de alunos: fisionomia infantil ou adolescentes, são individualidades formando uma turma, um ciclo compreendendo um ano letivo, ou fases de aprendizagem nos cursos ministrados. Cada aluno é um “mundo”, uma complexidade comportamental e na forma de realizar aprendizagem. São desafios tanto para os alunos como   professores e a escola, sendo esta, a porta aberta no acolhimento propiciando o ensino e consequentemente o aprendizado almejado pela clientela. Complicações de origem psicossociais: família, carência afetiva, assim como as alterações ligadas aos processos genéticos, biológicos e emocionais, as condições da escola e o sistema educacional são realidades distintas que podem emperrar a capacidade de aprender.

Ao longo do processo de civilização, a família vem passando por sérias transformações; antes   exercia o papel biológico (reprodução) e garantia da sobrevivência, a mesma era constituída de pais e filhos. Hoje se presencia realidades diferentes no contexto familiar, as separações conjugais, a participação das mulheres no mercado de trabalho e até mesmo de casais gays constituindo família através da doação. Contudo, a instituição familiar ainda exerce fortes influências na transmissão para seus descendentes com um nome, uma cultura, um estilo de vida moral ético e religioso. Para Sacareno, “a família é responsável de maneira singular de vincar esse patrimônio, é uma instituição que evolui conforme as conjunturas sócios culturais; não é um agente pessoal passivo”.

As modificações na instância familiar ligada à tradição como primeira forma de respeito vêm sendo questionada, é comum a presença de crianças rebeldes vindo a prejudicar na sua forma de interagir; pode ser ausência da atenção familiar ou falta da imposição dos limites, causando o comportamento desequilibrado nas crianças. Atualmente a instituição familiar não vai bem, porque há uma incompreensão por parte dos pais ao orientar e conviver com seus filhos, estes reflexos mostram uma relação familiar complicada e contraditória quando a mesma exerce um papel importantíssimo na formação da criança e sua sociabilidade no espaço escolar.  

Comprometimento neurológico é outro aspecto que pode prejudicar a capacidade mental do aluno de aprender: são os distúrbios ou transtornos de aprendizagem, a revista Neuroeducação na coluna Neuropsicologia aborda a partir da terminologia do vocábulo “distúrbio”. Etimologicamente “distúrbio” vem de Turbare-mais o prefixo dis; Turbare é uma “alteração violenta na ordem natural”; o prefixo “dis” alteração com sentido anormal patológico”. O Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem dos Estados Unidos define distúrbios de aprendizagem como uma designação genérica e heterogênea manifestada por dificuldades na aquisição e desenvolvimento da audição, da fala, leitura, escrita, do raciocínio ou de habilidades matemáticas: são alterações intrínsecas ao indivíduo, devido algumas disfunções do sistema nervoso central ou encéfalo.

O transtorno pode indicar um conjunto de sintomas ou comportamentos que são clinicamente reconhecíveis e associados, a sofrimentos e perdas cognitivas ou psicológicas; são situações que requer acompanhamento de especialistas para corrigir, promover e cuidar do caso. Entres os fatores de risco para o transtorno se apresenta: prematuridade, baixo peso ao nascer, e exposição ao álcool e tabaco durante a gestação; combinação entre fatores biogenéticos, hereditários e ambientais apresentam perfis diferente do transtorno.  O Código Internacional de Doenças (CID), e o manual Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM) publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Psiquiatria convergem na definição de três tipos de transtornos: das habilidades matemáticas (discalculia), da leitura (dislexia) e da escrita (disgrafia e disortografia). O diagnóstico preenche os seguintes requisitos: ausência de comprometimento intelectual, neurológico evidente ou sensorial; adequadas condições de escolarização iniciadas obrigatoriamente na primeira infância.

A expressão “dificuldade de aprendizagem” para o especialista Juliano Castaño se refere à alterações no processo do aprendizado da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático que podem estar associado ou não a comprometimentos da linguagem oral;  segundo o pedagogo Carlos Alberto França da Faculdade de Educação da Unicamp; “dificuldades” remetem a fatores de ordem pedagógica e/ ou sócio cultural: o problema não estar centrado apenas no aluno também às manifestações escolares decorrente do ambiente, como inadaptação escolar, dificuldades pedagógica e aspectos sócio emocionais.

O corpo e mente, o organismo e cérebro, são resultados de fatores neurobiológicos, hereditários e ambientais; a maturação o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e psicológico é único em cada ser, o processo de crescer e aprender em uma criança pode apresentar mais ou menos dificuldades para a execução ou pensamento. Nesta configuração, o educador além de mediador é um observador no desenvolvimento da aprendizagem de cada aluno, e através do comparativo com os outros alunos constatar a lentidão na aprendizagem e encaminhar o caso para a orientadora. A escola não é só o lugar de transmissão de conteúdo de conhecimentos acadêmicos, mas espaço de desenvolvimento nas relações de aprendizagem; é considerada a “segunda casa” na qual sugere questionamentos por conta da diversidade do alunado, onde a inclusão é importante pois todos os alunos são considerados capazes, apenas diferente na forma de aprender.

O Sistema Educacional Brasileiro cujas deliberações e determinações de padrões e condutas a ser seguidos estão fora da realidade escolar. Estrutura física inadequada, falta de recursos financeiros para manutenção das instalações físicas das escolas, inexistência de espaço para o lazer, o esporte, refeitórios e banheiros apropriados. São realidade presente na grande parte das escolas brasileiras, principalmente da rede pública, vindo a prejudicar o bom andamento da escola e a aprendizagem dos alunos, gerando tensão, desmotivação e incapacidade de realizar a contento o trabalho educacional pretendido pela docência coordenação pedagógica.

O direito a educação de qualidade, requer soluções de modo a tornar as escolas mais preparadas na contribuição no progresso da aprendizagem dos educandos. A escola precisa se modernizar, valorizar e propiciar relações saudáveis, de continência com realidade e articular saberes mostrando como o indivíduo aprende. A escola é o lugar de cultivar competências.

Professora Maria do Carmo de Santana

Cajazeiras, 30 de Março de 2023


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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