Faltaram os que são contra a Universidade Federal do Sertão
As pessoas que participaram e se envolveram com a elaboração da Audiência Pública para a criação da Universidade do Sertão tiveram o cuidado de convidar todos os segmentos da sociedade sertaneja e como não poderia deixar de ser, tiveram também o cuidado de convidar as comunidades acadêmicas dos diversos Campi da UFCG, até porque a comissão tinha conhecimento que existem algumas vozes contrárias a esta iniciativa e era preciso ouvi-las.
Teríamos o maior prazer de ouvir estas vozes contrárias, porque se fossem muito bem explicadas e fundamentadas, quem sabe poderíamos cessar a luta, muito embora saibamos da importância dela e que se vitoriosa, e assim pensamos, será sem sombra de dúvidas uma grandiosa conquista para os habitantes dos sertões da Paraíba.
Uma resposta, dada, via facebook, pelo professor Thompson Mariz, a um professor do Campus de Sousa, explica melhor o processo do retomada da luta e produz uma ampla defesa deste movimento, nascido da iniciativa da sociedade, não foi feito às escondidas e mais ainda continua aberto para ouvir e debater com aqueles que são contrários à criação da UFS.
Reproduzo na íntegra o que escreveu o professor Thompson Mariz, via facebook:
"Thompson Mariz – Prezado Professor Dr. Allan Sarmento. Para que todos saibam o que aconteceu, passo as seguintes informações. 1) A AC3 (Associação dos Cajazeirenses e Cajazeirados de Fortaleza), em alusão aos 10 (dez) anos da sua fundação, promoveu um Ato Público no Campestre Clube, para comemorar essa data festiva; 2) aproveitando esse ato, a Direção da AC3 convidou professores da recente criada Universidade Federal do Cariri para que falassem como ela havia sido criada e, também, nos convidou para falar sobre a criação da UFCG, tendo o Reitor Edilson como mediador;
3) o evento foi um Ato Público, transmitido pelas Emissoras de Rádios seguintes: Rádio Difusora, Rádio Oeste e Rádio Alto Piranhas, que juntas anunciaram e convidaram as pessoas interessadas para participar do evento. Portanto, nada foi feito as escondidas, até porque nós não participaríamos e nem participamos de confrarias; 4) o evento foi presidido pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Cajazeiras, como sendo uma Reunião Solene da Câmara dos Vereadores, tanto para homenagear a AC3 quanto para recomeçar as discussões sobre a criação da Universidade Federal do Sertão;
5) estamos num país democrático e não é crime participar de reuniões públicas e muito menos expressar opinião; 6) por oportuno, informo também, que tanto eu quanto o reitor Edilson, em uníssono, dissemos que uma discussão como aquela, para que fosse consequente, deveria envolver massivamente a comunidade acadêmica, no que foi acatado pela presidência da AC3, dizendo que, a segunda etapa, seria exatamente a visita dos setores interessados (CDL, Imprensa, Indústria, Associação Comercial, Igrejas, etc.) aos campi do Sertão da UFCG para ouvir e discutir as razões e contra-razões, as vantagens e desvantagens da criação da UFS;
7) por último, não é de bom tom ficar fazendo juízo de valor sobre as pessoas e nem sobre o mérito da questão, tanto porque as pessoas têm o inalienável direito de expressar suas opiniões e, é claro, aceitar as naturais divergências, sem a desqualificação pessoal dos envolvidos.
As emoções e as razões devem ser expressadas por ocasião dos debates. Ruim, permita-me, seria se a criação da UFS já fosse uma realidade, sem ter passado pelo o justo, correto e merecido debate com a sociedade civil organizada e com a comunidade acadêmica.
Sair propalando, como alguns têm feito, que esse ou aquele professor têm interesses subalternos, ou escusos, é próprio de quem não está pronto para o bom debate e já vai para a desqualificação das pessoas que pensam diferente. Nada mais que isso, apenas uma reunião entre muitas das quais já participei sobre o assunto, inclusive quando era reitor. Abraços"
O debate vai continuar e junto com ele o nosso sonho de alcançar esta vitória, vitória de um povo sofrido, penalizado ao longo da História, discriminado sob todos os aspectos, incluindo até a pobreza de não ter o direito de pensar, produzir, elaborar conhecimento, realizar pesquisas e mostrar a nossa capacidade de gerir.
Lembro-me de três fatos que merecem registro e que se parece com algumas das manifestações contrárias à criação da UFS: o primeiro – quando Padre Luiz Gualberto recebeu a resposta de uma carta, de uma importante autoridade do estado do Paraíba, que opinava sobre a criação de uma faculdade, em Cajazeiras, em 1969: eis o que foi respondido: “pensar em criar uma faculdade em Cajazeiras é o mesmo que tentar colocar um chapéu de massa na cabeça de um burro”, outro fato: uma importante professora, que fazia parte do Conselho Universitário da UFPB, durante uma reunião, ao se discutir um processo do Campus de Cajazeiras, gritou em alto e bom som: “são todos do MOBRAL” e uma pró-reitora de ensino da UFPB, na época em que eu era Diretor do Campus V-UFPB, defendeu abertamente, depois do Campus de Cajazeiras já vir funcionando há anos, que fosse reduzido o número de vagas de seus cursos pouco a pouco até que sem alunos fossem extintos. O menosprezo era visível, além de sermos considerado uma “raça inferior”.
Qual a diferença destas opiniões para as de hoje que se manifestam contrários a esta luta? Só o tempo poderá nos ofertar esta resposta e com certeza será igual a que estamos dando com relação aos três fatos acima descritos: hoje é uma realidade incontestável os avanços do Ensino Superior em Cajazeiras e na Região. Vamos para a luta. Viva a Universidade do Sertão.
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