Euclides Lima Filho
Faço uma pausa na série de escritos acerca da rivalidade entre Sousa e Cajazeiras para prestar homenagem póstuma a um grande amigo, Euclides Lima Filho, que morreu em João Pessoa no dia 5 de março. Trabalhamos juntos na Secretária de Planejamento e Coordenação do governo de Ivan Bichara. Nascido no Rio Grande do Norte, formado em direito no Recife, Euclides exerceu o cargo de promotor público em Itaporanga, onde se casou com Terezinha Rodrigues Viana, mais tarde minha colega no Banco do Nordeste.
Em 1975, Euclides aparece na Secretaria acompanhado do vice-governador Dorgival Terceiro Neto. Morava em Brasília, onde fizera curso de planejamento e gestão pública, que o habilitou a ingressar na então promissora carreira de técnico em planejamento. Temperamento irrequieto, queria voltar à Paraíba. Ora, naquele tempo eu andava catando profissionais com experiência técnica para estruturar o sistema estadual de planejamento, um dos objetivos do governo. Após rápida conversa com o governador Ivan Bichara, seguiram-se passos burocráticos necessárias ao seu retorno.
Tornou-se meu chefe de gabinete.
Euclides associava à formação jurídica a experiência em planejamento público e tinha uma qualidade excepcional: não via dificuldade diante de obstáculos reais ou imaginários. Nada para ele era bicho de sete cabeças. A propósito, entre risadas, ele contava este episódio. Um prefeito do interior da Paraíba, seu amigo, lhe procurou, desolado, no Ministério da Saúde, em Brasília.
– Dr. Euclides, vou voltar de mãos abanando…
– Por que? Que foi que houve?
– O chefe lá do setor disse pra eu mandar fazer um plano… um…um plano de aplicação dos recursos, e falou que sem esse documento, nada feito.
Euclides se inteirou do assunto, mandou servir um cafezinho e entrou em sua sala. Daí a pouco, retornou com uma folha de papel. Leia e assine, disse ao desconfiado prefeito, volte lá e dê entrada no protocolo. Dias depois, já em sua cidade, o prefeito anuncia a grande ajuda do governo federal! Euclides salvara sua viagem e ninguém falou em propina…
Do mesmo modo que agia em Brasília, diante de coisas simples tornadas complicadas pela burocracia, Euclides se comportou como um dos anônimos redatores de leis, decretos e portarias ligados à formalização do sistema estadual de planejamento, instituído pela lei nº 3.863, de 29 de outubro de 1976, que, entre outras determinações, criou a FIPLAN Fundação Instituto de Planejamento da Paraíba e a CODATA – Cia de Processamento de Dados da Paraíba.
Quem implantou a CODATA?
Euclides Lima Filho que para tanto recebeu delegação do secretário de planejamento a fim de promover todos os atos necessários à formalização e implantação da CODATA, em portaria de 18/04/1977. E assim ocorreu, de tal modo que, antes de Ivan Bichara deixar o governo para candidatar-se a senador, no começo de 1978, visitou aquela empresa, já funcionando, como ele mesmo registrou na Terceira Mensagem ao Poder Legislativo, em 1º de março de 1978: implantamos a CODATA, iniciativa tão necessária quanto corajosa para racionalizar os serviços de processamento eletrônicos de dados no Estado.
Euclides Lima Filho aparece hoje no site da CODATA, na galeria de ex-presidentes. Ao lado de sua foto, indica-se 1977-1979. É pouco para quem venceu obstáculos verdadeiros até transformar em realidade o que, naquele tempo, parecia uma miragem de jovens planejadores do governo do cajazeirense Ivan Bichara Sobreira.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário