Emendas de bancada: por que o Sertão ficou de fora?
Por Alexandre Costa
A reunião anual dos parlamentares da Paraíba no Congresso Nacional para destinação de emendas impositivas de bancada para o orçamento federal gera expectativas na imprensa, no meio politico e nos gestores públicos na ânsia de saber quais regiões, municípios e as diversas instituições que foram contempladas com essas verbas.
É uma verdadeira sessão risca-faca na hora do o rateio de verbas entre os nossos quinze parlamentares. Falo com a propriedade de ter assistido e participado de duas dessas reuniões, como integrante do comitê pro-construção do HUSertão onde arrancamos no grito uma verba de 25 milhões para iniciar aquela obra.
É numa reunião dessa onde somente se sobressai o parlamentar com um perfil de bom líder, exímio articulador, poder de persuasão e ainda por cima, bocão. Presenciei na reunião de 2018 quando o então senador Zé Maranhão bateu o pé, pleiteando 100 milhões para o Ramal do Piancó. Testemunhei em 2019 quando o deputado Hugo Mota, de pé, soqueou a mesa, exigindo 25 milhões para construção do Aeroporto Regional de Patos. Os dois foram exitosos nos seus pedidos, Maranhão a assegurou a verba para construção do Ramal do Piancó, canal acessório da transposição do São Francisco e Mota se consagrou com uma emenda que viabilizou a construção do primeiro Aeroporto Regional da Paraíba.
Muito se questiona sobre da destinação anual dessas verbas sempre concentradas entre o Governo do Estado, Instituições de saúde, de educação e obras infraestrutura, a grande maioria no eixo João Pessoa Campina Grande. Esse ano não foi diferente, dos mais de 212 milhões de emendas previstas mais de 60% de todo orçamento previsto foi abocanhado pela saúde em atenção básica, equipamentos de alta complexidade e na modernização do Hospital Universitário Lauro Wanderley, na Capital do Estado e no Hospital HELP em Campina.
A novidade desse ano foi finalmente a bancada resolver destinar verbas para a continuidade da duplicação da BR 230 no trecho Campina Grande a Patos, quem sabe, para apagar o espetáculo grotesco de um senador campinense que anunciou para essa mesma obra uma ordem de serviço, mais do que esdruxula, apesar de assinada no mês de fevereiro ela somente seria iniciada em junho. O que aconteceu? Nada. Pura balela! Dos 20 milhões destinados, adicionados a mais 7 milhões já alocados pelo DNIT, acredito que essa obra vai entrar no radar do Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e se tornará uma realidade.
Por que, historicamente, o Sertão é tão discriminado na distribuição desses recursos? Por que João Pessoa e Campina Grande leva tudo? A resposta é clara: a mobilização da sociedade civil é necessária, porém, não é suficiente, padecemos com a falta de uma representação política genuinamente sertaneja na Câmara Federal. Acorda Sertão!
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