Eleição na Academia de Artes e Letras
Por Francisco Frassales Cartaxo
Quando o coronavírus começou a surpreender o planeta com misteriosos sinais, a Academia Cajazeirense de Artes e Letras estava nos cueiros. Ainda não havia uso generalizado de máscara nem os cientistas tinham segurança para orientar a aturdida população mundial diante de tão mortífero vírus. Enquanto o medo se espraiava na mesma velocidade da disseminação do “invisível”, o ministro da Saúde tentava acalmar os brasileiros. Médico, político, cercado de técnicos, o bem-falante sul mato-grossense fazia da tripa coração para evitar o pânico e, é claro, reduzir as consequências nocivas da covid-19. Com muita clareza, Luiz Henrique Mandetta descobriu que a melhor maneira de enfrentar um inimigo traiçoeiro era nada esconder. Por isso, abriu o jogo. Atraiu a mídia com notável disposição de bem informar. Acertou e errou à vista de todos, em meio aos claudicantes passos da ciência.
Não escamoteou a verdade.
Nessa fase da pandemia, em 24 de maio de 2020, a ACAL completou um ano de vida. Às dificuldades naturais do bebê veio somar-se um mundo de restrições impostas pela maldição do século XXI. Reuniões virtuais é um Deus nos acuda para alguns sócios efetivos da Academia, carentes de familiarização com gerigonças eletrônicas… Cito este exemplo banal com o intuito de realçar um óbvio complicador trazido pela pandemia: impossibilidade de maior congraçamento entre colegas acalianos.
A covid-19 flechou sonhos.
A criança ACAL vai completar três anos no dia 24 de maio próximo. Mais de dois, sob o tacão da pandemia, que, aliás, nos roubou dois de nossos confrades: o médico Rafael Holanda, em 28 de agosto de 2021, e o teatrólogo e cineasta Eliézer Rolim, no dia 2 de fevereiro passado. Muitos dos sonhos que alimentamos tiveram obstáculos pandêmicos fortes, além da conta. E exigiu, também, a antipática prorrogação do mandato da primeira Diretoria, encerrado em maio de 2021.
Por que relembro essas coisas?
Para dizer que planejara minha participação à frente da Academia apenas nos dois primeiros anos, esperando cumprir a missão confiada por confrades e confreiras. Em meio às adversidades, fiz um esforço para tornar firmes seus primeiros passos. Difícil tarefa em face da avassaladora crise sanitária. Alguns colegas entendem que eu devo prosseguir mais um pouco nessa trilha. Rendi-me aos argumentos, a despeito do desarranjo que provoca nos projetos pessoais em curso, nesta avançada fase de minha vida. É isso aí.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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