Eleição do presidente da República
Por Francisco Frassales Cartaxo
Este ano, a eleição presidencial assume notáveis peculiaridades. Será diferente. O eleitor ficará diante de opções raras em pleitos anteriores. Isso influenciará suas escolhas e terá reflexo imediato no destino do Brasil. Vejamos algumas dessas situações.
Na história republicana, jamais houve disputa pela presidência com tão forte conteúdo ideológico. A evidência de candidatos competitivos, no campo da direita, nunca se mostrara como agora. Mesmo que não exista um partido político autoproclamado de direita, há grupos bem definidos, inspirados em “teóricos” que alimentam seus adeptos no viés anticomunista. Pouco importa que esse anticomunismo tenha base em parâmetros típicos da chamada Guerra Fria, presentes quando o mundo se dividia em dois blocos antagônicos.
Pode-se arguir que, em 1960, quando o general Teixeira Lott perdeu para Jânio Quadros, predominou o apelo ideológico. Engano. Só havia aparência. Ora, Lott (PSD/PTB) representava somente correntes nacionalistas, sem aderência ao comunismo internacional, no jargão da época. E Jânio? Usou rituais de esquerda (condecoração de Che Guevara) como disfarce para fugir à pecha de entreguista. Tudo falso. Encenação demagógica. Agora, não. É prego batido, ponta virada.
A segunda peculiaridade é a disputa entre dois candidatos que já governaram o Brasil. A comparação entre os dois será inevitável na campanha, quando se exibirá a enorme diferença dos governos de Lula e Bolsonaro. Neste ponto, deve prevalecer não apenas a chamada “entrega” de obras e serviços, mas sobretudo a capacidade de articulação política de cada postulante. Esse confronto começa, aliás, desde agora na pré-campanha, caracterizado pela formação de alianças partidárias e políticas capazes de influenciar o voto do eleitor não fanático. Importante. Por quê? Porque as alianças antecipam os eixos da governabilidade futura e o papel do Brasil no concerto internacional.
E a corrupção?
A bandeira da anticorrupção dificilmente terá eficácia eleitoral. Ora, a carapuça cabe em todos os pretendentes ou no seu entorno. Mesmo no caso do juiz Sérgio Moro, que ostenta esse estandarte como única credencial, o tema é capenga. Imagine! No seu palanque estará, ombro a ombro, gente cujo passado não resiste a mais precária investigação. Nem falo de seus claudicantes passos de neófito…
Isto é apenas uma amostra das peculiaridades da eleição de 2022.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário