Efeitos políticos da Operação Andaime
Agora a gente sabe. A Justiça Federal, sediada em Sousa, divulgou a sentença condenatória de 13 pessoas pela prática de ações criminosas, identificadas a partir da Operação Andaime. E absolveu outras tantas. As penas anunciadas – restritas ao núcleo de Cajazeiras – variam de 3 a 48 anos e 6 meses. Neste caso, reduzida para 16 anos e 2 meses, graças à colaboração premiada do réu Francisco Justino do Nascimento, assistido, processualmente, pelo advogado Adjamilton Pereira. Entre o início da fase pública das investigações e a conclusão do processo na primeira instância decorreram pouco mais de três anos. Pouco tempo dada a natureza dos crimes.
Vale a pena recordar.
Parece que foi ontem. Cajazeiras amanheceu em reboliço. Sexta-feira, 26 de junho de 2015. Veículos estacionavam em vários endereços. Agentes federais prendiam algumas pessoas, apreendiam equipamentos eletrônicos e documentos, sem que a cidade de nada soubesse. Pelos endereços visitados, incluindo o da prefeitura municipal, desconfiava-se da natureza da ação da polícia federal. A especulação corria solta, excitando mais ainda a curiosidade geral. Cajazeiras era comandada por doutora Denise Albuquerque, embora o prefeito, de fato, fosse o marido, o médico Carlos Antônio. Engraçado, ele fora votado na eleição de 2012, apesar de enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Seu nome, número e a foto apareciam nas urnas. Por quê? Porque o juiz só declarou a inelegibilidade de Carlos Antônio na véspera da eleição!
Ufa, o PT, parece, quer usar estratégia semelhante para eleger o presidente da República.
A Operação Andaime desarticulou organizações criminosas, atuantes em 16 municípios da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, integradas por políticos, agentes públicos empresários. E falsos empresários. Essa gente montou esquema de apropriação de recursos públicos, mediante criação de empresas fantasmas para fraudar licitações de obras superfaturadas, lavagem de dinheiro e outras falcatruas delituosas. A Andaime é a Lava Jato da nossa região, guardadas as gigantescas diferenças de tamanho, sofisticação e complexidade dos crimes praticados. Na essência, porém, as duas operações se igualam: ambas combatem a corrupção.
Até agora, a Operação Andaime – núcleo de Cajazeiras, condenou treze pessoas, entre elas, Mário Messias (Marinho), que foi candidato a prefeito em 2008. Se tivesse sido eleito, Marinho teria garantido a continuidade do mando do grupo político, chefiado por Carlos Antônio, desde 2000, quando Epitácio Rolim o elegeu. Não deu certo. Léo Abreu derrotou Marinho. Mas sem tesão para governar renunciou no meio do mandato. Resultado: em 2012, Carlos Antônio voltou à prefeitura por intermédio da doutora Denise. Interposição maior, no entanto, foi a Operação Andaime, deflagrada um ano antes da campanha eleitoral de 2016, quando se previa a tranquila reeleição de Denise. Impossível não associar a vitória de José Aldemir às consequências da Operação Andaime. Não só pelas prisões, mas sobretudo por ter desmanchado o esquema de financiamento de campanhas eleitorais.
Agora a gente sabe.
A CGU, a PF, o MPF e a Justiça iluminaram os descaminhos dos recursos públicos para engordar patrimônios pessoais, familiares e de amigos. Agora a gente sabe porque os recursos carreados para Cajazeiras não davam para fazer, bem feito, obras e serviços. Ganhava o grupo político de Carlos Antônio. Perdia a população de Cajazeiras.
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