Efeitos da Operação Andaime
Por Francisco Frassales Cartaxo
Adjamilton Pereira concedeu longa entrevista ao Trem das Onze, da Rádio Alto Piranhas, no de 11 deste mês. Como advogado do réu Francisco Justino do Nascimento, no processo relacionado com a Operação Andaime, conteve-se no limite para não violar segredo de justiça, conhecendo como conhece os fatos revelados ao Ministério Público por seu constituinte. Ele acompanhou as 20 horas de depoimentos de Justino. Não é pouca coisa, sabendo-se que as declarações obedeceram à dinâmica de perguntas e respostas. Método prático e direto visando alcançar os objetivos da investigação dirigida para esquadrinhar a organização criminosa formada em torno de empresas das quais Justino faz parte.
Por que só das empresas de Justino?
Porque o processo, objeto do acordo formal da colaboração premiada, firmado por Justino, se refere apenas às ações nucleadas por ele, seus familiares e cúmplices. Isso não significa, porém, que o réu-delator se limite a falar da situação daquelas firmas e pessoas. Ora, é fácil imaginar o tipo de questões levantadas pelos investigadores, àquela altura já de posse de massa enorme de informações, colhidas nos documentos apreendidos pela Operação Andaime, em 26 de junho, e em dezenas de interrogatórios de suspeitos, indiciados, testemunhas e réus. Determina a Lei 12.850/2013 que o delator “renuncia ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade”. Portanto, Justino não pode mentir. É lícito supor, por dedução lógica, que Justino foi instado a falar “da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa”, item listado na Seção I daquela Lei. Ou seja, o caminho das pedras. Não demora a gente saber, oficialmente, quem é o verdadeiro chefe ou os chefes da quadrilha.
E vem mais coisa por aí?
Claro. E o advogado Adjamilton Pereira já sabe. Aliás, sabe o suficiente para provocar um terremoto na política de Cajazeiras e do sertão paraibano. Mas o jornalista Adjamilton não pode falar ainda. Vai esperar a quebra do sigilo processual após o término das investigações ou quando o juiz determinar. Até lá, paciência, prevalece o clima de tensão, gerador de especulações, desassossego, inquietação. E incontinência verbal, sobretudo, de autoridades e cidadãos candidatos a réu, quem sabe, em outra ação penal. Parece que na região existem várias pequenas organizações criminosas, sem um comando central unificado. Cabe à investigação deslindar esses esquemas. A delação de Justino ajuda e muito. Daí a expectativa de se efetivarem novas prisões. É questão de meses. Ou de semanas, pensam alguns.
Ah, os efeitos da prisão!
Arrasadores, como diz uma amiga minha, até para os que, sendo políticos, já estão impedidos legalmente de concorrer a cargo eletivo. Impossível deixar de antever as consequências políticas de prisões com toda a carga de simbolismo que lhe são inerentes. Basta espelhar-se no mensalão ou na Lava Jato e relembrar a prisão de figuras como José Dirceu, Pedro Correia, Waldemar Costa Neto, André Vargas, Renato Duque, João Vaccari. Nem o empresário riquíssimo Marcelo Odebrecht escapou! Quem imaginaria, anos atrás, que isso poderia ocorrer no Brasil?
No caso da Operação Andaime não será diferente. Em dimensão muito mais modesta, é claro, mas da mesma forma humilhante. Destruidora dos que roubam o dinheiro público para enriquecimento pessoal e para financiar campanhas eleitorais. É só ter paciência e confiar no sério trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário