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Francisco Cartaxo

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Edme Tavares de Albuquerque

24/05/2015 às 12h55

Ao saber da morte de Edme Tavares, meu primeiro impulso foi repassar situações marcantes de nossa convivência, aliás, pouco intensa, devido às trajetórias de vida, que nos levaram a caminhos e lugares diferentes. Do ponto de vista ideológico, estivemos em campos separados, sempre, embora as contingências políticas tenham favorecido nossa união circunstancial. Na época de estudante, por exemplo, ele foi para o Crato e Rio de Janeiro e eu estudei em Fortaleza e Salvador. A luta eleitoral em Cajazeiras, contudo, nos aproximou, pelo menos em 1963, quando ficamos lado a lado com o empresário Raimundo Ferreira que tentou ser prefeito de Cajazeiras, pela primeira vez. 

Mais de cinquenta anos depois, a lembrança desse fato vem acompanhada da visão romântica do movimento popular liderado por Raimundo (PSB), que sem apoio de nenhum chefe político de peso enfrentou três concorrentes: Chico Rolim (UDN), Acácio Braga (PSD) e o major Zé Leite das Areias (PL). Edme e eu éramos as figuras formalmente de maior realce, tanto que o guia eleitoral, então feito ao vivo, e carros de som anunciavam eventos da campanha mais ou menos assim: hoje no comício falarão o “acadêmico”, Edme Tavares, e o “doutorando” Francisco Sales Cartaxo… Eu estava a quatro meses da formatura na UFBA, por isso o “doutorando”… Quando conto essa história, meus filhos riem à beça… E não só eles. Parece coisa de outro mundo… E é.

Nossas divergências eram de feição ideológica, a Guerra Fria pondo um muro entre as concepções que tínhamos do mundo e da política. Essa marca sempre nos acompanhou, muito embora, outros fatores contribuíram para nos aproximar. Cajazeiras nos unia, acima de qualquer outro valor e das diferenças entre nós. Disto e também das conversas que tivemos em 2008 falarei em próximo artigo. Hoje me limito a transcrever fragmentos de seu perfil, ressaltando alguns fatores do invejável sucesso político-eleitoral de Edme Tavares. Os trechos entre aspas são do livro “Do bico de pena à urna eletrônica”, escrito em 2006, inseridos no item referente à longevidade política de Epitácio Leite Rolim.

“Afeito às articulações palacianas – desde quando, no governo João Agripino, ocupou a subchefia da Casa Civil, seu primeiro cargo público relevante -, Tavares se movimentava com desenvoltura nos gabinetes de autoridades estaduais e federais, descobrindo e assegurando os benefícios que a máquina pública propicia, em termos de captação de recursos para obras e serviços públicos, de posições e empregos para correligionários e aliados políticos em suas bases eleitorais. Dessa forma, Tavares supria uma de suas salientes deficiências: ausência de contato direto com as massas. Faltavam-lhe, portanto, condições espontâneas para granjear popularidade”.

“Epitácio o socorria, preenchendo esse vazio. Sempre próximo do eleitor, até por fastio das lides parlamentares, dos ares da capital, Epitácio cumpria o papel de segurar os votos de que o outro necessitava para representar Cajazeiras na Assembleia Legislativa da Paraíba (três mandatos sucessivos) e na Câmara Federal (dois mantados seguidos), durante 20 anos sem interrupção, de 1971 a 1990”.

Voltarei ao assunto para falar acerca da atuação de Edme no tempo de Ivan Bichara e, também, da lição de pragmatismo que recebi dele em 2008, a propósito da campanha eleitoral e da vitória de Leonid Abreu prefeito de Cajazeiras.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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