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Mariana Moreira

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E quando a mente não mais obedece!

05/07/2024 às 21h40 • atualizado em 07/07/2024 às 11h39

Coluna de Mariana Moreira

Por Mariana Moreira – Uma sensação de vazio revela o cansaço mental que o trabalho diário termina por nos imprimir no cotidiano de nossas atividades. As ideias entram em turbilhão e não conseguem se conectar para produzir um comentário coerente. A angústia ganha proporções que amedrontam ante a impossibilidade de escrever o artigo e preservar a mínima qualidade que o veículo e os leitores merecem.

E um lampejo de lucidez clareia as dúvidas: porque não falar de nossas limitações e impossibilidades diante das restrições que nossa condição humana nos impõe? Somos sempre exigidos a perseguir a perfeição, a sermos onipotentes e capazes de ter a solução adequada a todas as dificuldades e a todos os entreveros que o viver nos presenteia em suas demandas e demarchas. Somos incitados a transformar as vinte e quatro horas do dia em quarenta e oito horas, sem obedecer aos intervalos que o organismo físico reclama como estágio repositório de energias e de descaso. Somos reclamados para estar presentes e desempenhar uma participação qualitativa em múltiplos e diversificados eventos. E nosso corpo físico não pode fraquejar ante a vontade titânica de uma performance satisfatória.

Superar as exigências que nos impomos e construir uma relação de equilíbrio entre nossas potencialidades e possibilidades mentais e intelectuais e nossas capacidades físicas é um exercício que exige o cuidar de si e a preocupação com uma vida física e mental minimamente saudável. Um dos caminhos indicado pela própria história da humanidade, ao longo de milênios de experiência acumulada, é o de guardar o final de semana, ou pelo menos, o domingo, como espaço de descanso e de reabastecimento energético. Os crentes vão para seus cultos, fortalecem sua fé. Os não tão crentes leiam um livro, escutem uma música (de qualidade, porque o lixo que a indústria fonográfica nos empurra é um desgaste mental), visitem um familiar, um amigo, se sente na calçada com seus vizinhos e falem da vida alheia, – numa perspectiva saudável!

Em tom de brincadeira sempre digo aos amigos, colegas de trabalho que se o Criador, em sua sapiência, descansou no sétimo dia após a hercúlea tarefa de criação do mundo quem sou eu, – pobre mortal e criatura refletida de sua imagem -, para desafiá-lo e desobedece-lo. Brincadeiras à parte, a certeza que devemos sempre cultivar é a de que nossa capacidade intelectual tem relação siamesa como nossa disponibilidade e potencialidade física. Ir além dessa relação produz o estressamento da vida.

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Assim, prefiro cantar os versos de Manoel de Barros:

Não aguento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

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