E o rio secou!

Desde a sua inauguração, ocorrida no dia 20 de setembro de 1937, esta é a segunda vez que o Açude Engenheiro Avidos, construído no Boqueirão de Piranhas, que a quantidade de água armazenada em seu reservatório atinge nível crítico.

A primeira ocorreu no ano de 1993, quando ficou com somente 16.980.000 m³, ano também que pela primeira vez o leito do Rio Piranhas ficou seco e causou grandes prejuízos aos ribeirinhos.

As águas que são liberadas do Açude de Boqueirão até o Açude de São Gonçalo fazem com que o Rio Piranhas se torne perene e com a decisão de cessar a liberação, o seu leito, a exemplo do ano de 1993, voltasse a secar.

Dados da EASA, do dia 14 de setembro, o Açude tem ainda 36.772.780 m³ de água, que segundo estudos técnicos seriam mais do que suficientes para abastecer a população do município de Cajazeiras por mais dois anos, mas a cidade de Sousa, através de suas lideranças, está lutando para que seja liberado para o Açude de São Gonçalo seis milhões m³, com o objetivo de salvar os milhares de pés de coco, plantados em suas várzeas e se constituem num dos principais itens de sua economia.

A liberação ou não desta quantidade de água para irrigação provocou uma reação muito forte do povo de Cajazeiras, porque ainda não se tem uma previsão de como vai ser a quadra invernosa no próximo ano e mesmo sabedores desta posição de Cajazeiras, o prefeito de Sousa foi parar em Brasília para conseguir esta água.

Um fato grave que vem acontecendo é a grande quantidade de peixes que vêm tentando sobreviver nos vários poços dágua que ficaram ao longo do leito e a mortandade a cada dia aumenta em função da redução do nível de oxigênio: são tucunarés, piaus, cangatis, tilápias, curimatãs, trairas e camarões e o IBAMA já foi alertado para este fato, através da Secretária de Agricultura do Município de Cajazeiras, e poderá deflagrar uma operação de resgate destes peixes.

Outra grande dificuldade que os ribeirinhos estão enfrentando é a de que poucos estariam preparados para enfrentar a falta de água e sequer dispunham em suas fazendas de reservatórios que possam ser abastecidos por carros pipa e já se prevê que muitos terão de migrar para centros urbanos.

Outro problema que estão tendo que enfrentar, além de água para beber que praticamente ficou escassa é o de que os poços existentes ao longo do leito do rio poderão ficar a qualquer momento imprestável para o consumo dos animais devido a mortandade dos peixes que vão provocar o apodrecimento da água. 

Diante de tantas dificuldades os ribeirinhos do Rio Piranhas vão continuar apelando para as autoridades no sentido de mandar liberar cinco centímetros de água para que o rio volte a ter vida e que o sofrimento deles possa ser amenizado, até porque os 36 milhões de metros cúbicos de água armazenados no Açude de Engenheiro Avidos, seriam suficientes para matar a sede do povo de Cajazeiras, folgadamente por mais dois anos.

O que deve prevalecer neste momento é o bom senso das autoridades responsáveis por este setor e que possam depois de uma análise mais detalhada resolver este impasse.

E que o Rio volte a ter água, não precisa ser abundante, mas o suficiente para que possa viver e manter vivo os milhares de peixes existentes em seus poços.

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José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

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