E hoje, em que a coisa mudou?
15 de novembro de 1889. Proclamação da República. O Marechal Deodoro da Fonseca, com o apoio dos republicanos, demitindo o Conselho de Ministros e o seu presidente, pôs fim a 67 anos de governo monárquico, expulsando vergonhosamente a família real do país e assumindo o posto de Presidente da República. Alguém por aí já disse que “foi um grande avanço rumo à consolidação da democracia no Brasil”.
Alguns dos motivos que levaram à derrocada da monarquia: a interferência de D. Pedro II nos assuntos religiosos, provocando um descontentamento da Igreja, o movimento “anti-corrupção”, liderado pelo Exército Brasileiro, e a “lei da mordaça” imposta aos membros desta corporação, a vontade de participação política da classe média dos centros urbanos e a falta de apoio aos proprietários rurais.
118 anos de República Federativa do Brasil. O que mudou? Porque os republicanos repetem os mesmos “erros” do imperador? Entra presidente, sai presidente e a situação do país parece piorar cada vez mais. Só não enxerga quem não vê. Nos últimos anos, a consolidação de uma opinião comum (será que é comum?) em torno dos governos atuais é claro demonstrativo que a democracia ainda está longe de ser instituída no país.
Diziam que o governo imperial interferia em campo religioso. É verdade! O que aconteceu no passado não foi tão bom. Até os livros dos seminários eram os ditados pelo império, assim como indicados eram os bispos para as dioceses, nos tempos do padroado. Mas, em que a coisa mudou nos dias de hoje, quando o Ministério da Saúde (ou alguns legisladores) tem a ousadia de questionar a legitimidade da manutenção da vida humana no seio materno ou em situação terminal num leito nosocomial? Isto não é interferência indevida em assunto que não cabe ao governo? Trata-se de ciência moral e ética (e divina, portanto) e, creio, não é assunto para este ou para aquele governo, nem muito menos para a “opinião pública”, facilmente manipulada pelas mentiras de quem quer ver legalizado o aborto ou a eutanásia.
Criticavam a corte imperial pela corrupção que apodrecia as suas instituições. E, realmente, havia muita! Falam as “más línguas” que uma famosa marquesa paulista enriquecera à base da propina cobrada no porto de Santos (sua corrupção não era apenas pecuniária, mas também moral, como todos sabem). Mas, em que a coisa mudou? Ministros de Estados, deputados, senadores, juízes, empresários, e por aí vai, envolvidos com esquemas vergonhosos, dignos de mafiosos de alto coturno. Não foi à toa que, na história, ficaram cunhadas algumas das mais “justas” expressões: “anões do orçamento”, “propinoduto”, “valerioduto”, “sangue-sugas”, etc. E a cada dia, as telas de nossas TV’s estão mais cheias de gente algemada. Pelo menos uma coisa boa está acontecendo, é bom que se diga (façamos justiça): ladrão grande está indo para a cadeia, talvez não passe muito tempo, ou lá não seja tratado como o nosso “Robinho”, mas pelo menos vai (que vergonha!!! Ouve-se somente a voz do professor José Antônio a seu favor!!! Onde está a sociedade: Igreja, clubes de serviço, associações, etc.?)
Em tempos do império, os membros do Exército foram proibidos de se expressar na imprensa sem autorização prévia do ministro da guerra. Entendam-se lá os motivos. Mas, em que hoje a coisa é diferente? A coisa está pior! Não somente os nossos heróis vestidos de verde-oliva não podem falar, mas, antes, estão fadados a sequer existir. Soldos ridículos, falta de manutenção, frota antiqüíssima, dificuldades sem fim e, até mesmo, restrições alimentares (quem não lembra que há alguns anos, os TG’s tiveram que liberar os recrutas mais cedo por falta de comida?). Sob o pretexto de que o Brasil não é um país beligerante, desarmam-se as Forças Armadas, humilhando-as. Medo de que? Contudo, desde os romanos, sabe-se que “se queres a paz, prepara-te para a guerra”.
Eis aí, caros leitores, em que pé está a nossa “res” (coisa) “publica” (pública). Acordemos para o dia de amanhã.
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