DOR E REVOLTA
Por Edivan Rodrigues
É triste, muito triste receber a notícia da morte de um amigo, de um parente, de um vizinho, de um colega de trabalho – e já são mais de 290 mil. As mortes causadas pelo COVID-19 são prematuras e evitáveis. Daí a revolta. Todos nós somos culpados por essa tragédia humanitária que se abate sobre nosso país. Uns por omissão, ficando calado diante do descalabro (“os que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue” – Bertold Brecht), outros por ação ou, melhor dizendo, contra as ações que salvariam vidas!
Para todos, mas muito mais para esses, a minha revolta, que segue em palavras.
Não basta apenas a manifestação de pesar, é preciso, creio eu, inflexão, reflexão e joelhos no chão para pedir perdão, pedir piedade…!!!
Essa dor é também pela dor das famílias de quase 300 mil brasileiros!!!
Como diria Belchior, “minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo/ainda somos os mesmos” (Canção: Como nossos pais).
Minha dor se transforma em revolta e é preciso cobrar responsabilidades a essas pessoas que hoje tentam se esconder, tentam usar a dor alheia querendo ocultar suas responsabilidades.
Essa turma, que agora tá preocupada com o dor dos outros, deveria lembrar que contribuiu com elas, apoiando práticas e discursos irresponsáveis contra o isolamento social, contra o uso de máscaras e até contra a vacina.
Além da dor, quero registrar minha revolta, minha indignação por tudo que estamos passando e vivenciando, e chamar responsabilidade dos omissos, como eu, e dos comissivos, que atuam contra a ciência e as medidas sanitárias.
Irresponsáveis, que hoje – vendo-se acuados pela fatos e pelas evidências da irresponsabilidade de suas ações – tentam se esquivar, cobrando dos outros, para se ver livre da culpa – expiação!
Eles sim, deveriam, assumir erros, responsabilidades e pedir perdão.
E ainda há os que continuam a infligir dor e tormento, se aliando contra as medidas legais, com respaldo na ciência e protetivas. O que dizer desses?!!!
Não se trata de imputar responsabilidade a quem fez uma escolha, afinal todos estamos passíveis a erros e escolhas equivocadas. Trata-se de chamar a atenção daquelas pessoas que até hoje ainda continuam a defender, promover reações irresponsáveis contra as ações responsáveis (medidas sanitárias, isolamento social, vacinas).
É interessante vê-los se apresentar como inocentes e ainda chamando os outros à responsabilidade. Vê-los lamentar e apresentar condolências pela morte de pessoas queridas. Vê-los não ver, ou não querer ver, sua parcela de culpa nas mortes por eles lamentada.
Isso me faz lembrar daquela pessoa que vai passando ao lado de um muro e, de repente, de forma irresponsável, apanha um pedra grande e joga para o outro lado do muro, sem pensar nas consequências. Ao chegar em casa, descobre que seu pai foi atingido por uma pedra jogada por cima do muro. Qual deveria ser o comportamento dessa pessoa? Assumir suas responsabilidades? Ou manter-se em omissão e se condoer como se nada tivesse acontecido? Ou ainda, como alguns, continuar a lançar pedras por cima de muros, de forma irresponsável?
É assim que vejo essas pessoas. Não sei como eles se veem!
A Bíblia nos fala dos apóstatas da fé: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1 Timóteo 4:1,2). E não confundamos com ateus ou agnósticos, esses já não professam a fé, a Palavra se refere e é direta para os fiéis, que esfriarão sua cristandade para seguir ensinamentos de homens.
Essas pessoas não têm sentimentos, têm interesses. Elas usam os sentimento das pessoas, repassando culpa, sem no entanto, fazer a devida inflexão. “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. (Mateus 7:5).
Não respeitam a dor dos outros, ao contrário, fazem uso dessa dor para esconder suas culpas! É uma espécie de expiação, creio eu.
Precisamos abrir os olhos para isso.
Fica o meu lamento e minha dor pelas vítimas desse comportamento, pelas mortes evitáveis que logo chegarão, lamentavelmente, a mais 300 mil!
Mas, acima de tudo, fica minha REVOLTA!
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