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Francisco Cartaxo

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Do posto Ipiranga ao padre Cícero

21/02/2022 às 17h47 • atualizado em 21/02/2022 às 17h50

Presidente Jair Bolsonaro. (Foto: reprodução/internet).

Por Francisco Frassales Cartaxo

Propaganda de importante rede de postos de combustíveis migrou, em 2018, dos comerciais de televisão para o noticiário político. Seu bordão-chave foi adaptado pelo candidato Jair Bolsonaro: “pergunte no posto Ipiranga”. Pronto, estava formada outra farsa da campanha eleitoral, que permitiu ao capitão reformado subir a rampa do Planalto. Para governar, um presidente não precisa saber nada de economia, finanças, direitos trabalhistas, desigualdades regionais e sociais. Basta recorrer ao posto Ipiranga. Assim, o candidato disfarçava sua ignorância!

Quem era o posto Ipiranga?

Paulo Guedes. Economista, transformado em prestidigitador, com formação acadêmica nos Estados Unidos. Para muitos de seus colegas sua fama se devia à sagacidade de ganhar dinheiro, sem a menor preocupação com a produção de bens e serviços. Ou seja, sem olhar para o mundo real, onde se gera emprego e renda produtivos. Era visto assim, com desconfiança, nos meios profissionais, dos quais sou mero figurante. Sendo bem claro: Paulo Guedes não era levado a sério. Mas agradava ao sistema financeiro, afeito aos ganhos fáceis, de costas para a vida das pessoas que sofrem as agruras da falta de trabalho, de moradia, da educação escolar, da insegurança dos transportes coletivos. E da fome.

O mágico do posto anda sumido.

Até sua imagem rareou na mídia. E quando aparece denuncia seu acabrunhamento. Fala sem convicção. Às vezes, mais parece personagem de Lima Barreto às voltas com seus dramas suburbanos. O posto Ipiranga sumiu… Pior para o Brasil. A farsa era geral. Nada se entendia de saúde. Aqui foi um horror. Senta-levanta, senta-levanta. “Um manda o outro obedece”. Na angústia coletiva da pandemia, a ciência substituída pela hierarquia, princípio inerente às corporações militares, mas desastroso para cuidar de vidas humanas.

A história não perdoará.

Enquanto, porém, os fatos não entram na grade histórica, a ignorância persiste sob muitas formas. Manifestação recente ficou estampada na confusão relacionada à origem do padre Cícero Romão Batista. Com o lugar de nascimento do santo do povo, muito embora nunca reconhecido pela hierarquia da Igreja Católica. Se o presidente não sabe o que é de domínio público – supremo desprezo a Juazeiro do Norte, o mais importante centro de irradiação da religiosidade popular do Brasil -, que se pode mais esperar?

Ainda bem que Padim Ciço não guarda rancor!

Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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