Do Amor Gratuito de Deus
Por Padre Renato
Não se pode pautar nos bens materiais, particularmente o dinheiro, o relacionamento que mantemos com os outros. Aqueles possuem algum valor, estes, possuem valor certo. O dinheiro do mundo todo não paga o preço de um homem.
Muitos são os que tratam bem os ricos e maltratam os pobres. O critério de julgamento, quando isto acontece, é por demais falho e, sem sombra de dúvida, se configura como o que de mais vil e desprezível há. Em primeiro lugar, pois ninguém deve ser julgado – e, sim, amado; em segundo lugar, pois o “ter” não fundamenta nada – o que fundamenta tudo é o ser.
Desta forma, as amizades, as relações profissionais e até mesmo o amor, que pode ser viciado pelo interesse material, serão tanto mais frágeis quanto mais base tiver na ganância e no interesse que vai além do outro.
Pelo contrário, quando as relações interpessoais têm por alicerce o respeito e a consideração pelo que o outro é (repito: não pelo que o outro tem), temos a conjugação do que há de mais bonito e que verdadeiramente aproxima as pessoas umas das outras.
Protótipo desta interação é o que Deus fez conosco. Quando estávamos perdidos, entregues ao julgo de Satanás, por causa do pecado, Deus nos amou. Não pelo que tínhamos, pois nada possuíamos, mas pelo que nós éramos. Na sua infinita misericórdia, de tal maneira Deus amou o mundo, que enviou o seu próprio Filho, o Verbo, para nos tornar ricos. Um imenso tesouro nos foi dado e esse presente se chamou “filiação divina”.
Não apenas nos tornamos amigos de Deus, mas também seus filhos, no Filho Jesus. E isto somente por amor, sentimento nobre que se confunde com “gratuidade”. Por causa de nada, ou seja, por causa de cada um de nós, Deus nos amou. Não pelo que tínhamos a oferecer em troca disto, mas pelo que éramos, independentemente do que apresentávamos como oferenda.
Assim como Deus, nós com os outros. Amar é um verbo que se declina na plenitude. Não se ama pela metade, mas, sim, totalmente. Não se ama por interesse, mesmo que este seja puro e honesto, como o interesse espiritual. Amar não suporta o ter, amar compreender o ser.
Houve no mundo quem compreendesse esta dinâmica do amor. Tantos que se doaram ao amor, como Madre Teresa que, no início de sua vida, deixou o rico colégio para aventurar-se pelas ruas de Calcutá (onde, ainda hoje, o caminhão da prefeitura passar cedinho recolhendo os cadáveres dos indigentes que, à noite, morreram de frio nas calçadas). Ela, pobre com os pobres, e carregando apenas um balde, não tinha muito o que fazer, a não ser sorrir e deixar claro para o que estava morrendo em seus braços que Alguém, Deus, o amava. Seu sorriso apaziguava os que não se sentiam amados. E, amados, morriam em paz.
Amemos, amemos indistintamente, não apenas aqueles que têm. Estes já deveriam se sentir amados e confortados. Amemos aqueles que nada têm a nos oferecer pelo nosso amor. Deus fez assim, nós também podemos fazer.
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