Do alto da torre da catedral
Por José Antonio – A majestosa Catedral de Nossa Senhora da Piedade tem uma torre de 45 metros de altura e do seu alto dá para contemplar toda a cidade de Cajazeiras.
Quem esteve há sessenta anos, ao voltar hoje ao seu topo, verá o quanto a cidade de Cajazeiras cresceu e juntos vieram algumas perdas e muitas conquistas.
Do alto lanço um olhar para o leste e vejo que o trem não mais existe e que o seu apito já não tira a atenção dos que oravam aos pés de Nossa Senhora da Piedade; vejo ainda que a beleza natural do morro onde está erigida a Estátua do Cristo Redentor, inaugurada em 1939, desapareceu e ficou perdida entre um emaranhado de antenas e no seu sopé se ergueu uma favela e as grandiosas caixas para receber as águas que vêm do Açude de Boqueirão de Piranhas e que continuam sendo insuficientes para abastecer os habitantes da cidade.
Ao sul, vislumbro a BR-230 que contorna o perímetro urbano e que hoje, pelo crescimento da cidade, várias empresas, escolas e projetos habitacionais ali se estabeleceram.
Ainda ao sul ficava o lixão da cidade, que já foi um aterro sanitário, orgulho para a cidade, por ser apenas três em toda a Paraíba a possuir este importante equipamento. O lixo é e será sempre um grande problema para nossos administradores. Hoje o lixo está sendo transportado para a cidade de Sousa.
Nesta zona da cidade, para aumentar mais ainda as questões urbanas, surgiu uma enorme favela, conhecida como Campo do Vaqueiro, a partir da invasão de um loteamento e hoje se constitui como um dos mais sérios problemas sanitário e social de nossa urbe.
Ao se voltar para o norte vejo a Avenida José Donato Braga, conhecida como Estrada do Amor (esta denominação foi porque na época em que foi aberta a cidade não tinha ainda motéis e muitos a utilizava para fazer amor dentro de seus veículos por ser quase deserta) e hoje é a principal via de ligação entre o centro e a Zona Norte.
Ao leste, onde o sol se põe refletindo seus raios nas águas do poético Açude Grande, transformando este momento numa rara beleza da natureza, infelizmente, este espetáculo, esconde uma triste realidade que vive este manancial de mais de dois milhões e meio de metros cúbicos d´água, que nos últimos 64 anos se transformou numa grande cloaca. A água armazenada por este açude, desde o ano de 1800, até 1964, matou a sede do povo de Cajazeiras, hoje está poluído e imprestável para o consumo humano. Uma lástima e ao mesmo tempo um luxo se ter um volume de água deste porte servindo apenas de embelezamento, quando nos dias atuais muitas comunidades rurais estão tendo sérias dificuldades para ter água para beber. E a promessa de sua reurbanização continua sendo um sonho.
Depois do açude, às margens da BR-230, uma esperança: o novo aeroporto, uma promessa de 25 anos, que já chega acompanhada de outra: a do retorno da linha aérea.
Cajazeiras viveu, ao longo da década de sessenta e inicio da de setenta, um longo período de retrocesso e de perdas: primeiro foi o trem, as safras e as usinas de algodão, símbolos de nossa riqueza, os padres Salesianos e as Irmãs Dorotéias que educaram gerações, além de nenhuma representatividade política a nível federal. Teria sido o nosso “período de trevas”?
Mas os avanços de Cajazeiras continuam sendo no setor educacional, o que tem proporcionado o crescimento do setor terciário de nossa economia. Avançamos também na área de saúde, mas necessitamos ainda de outras conquistas neste setor.
Neste mundo globalizado em que vivemos quem domina é a lei de mercado e como o nosso peso representa menos que uma pena de um sabiá, imagine quantas lutas teremos que enfrentar para a reconquista de tudo que perdemos, além de agregar novas lutas em outras fronteiras.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário