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José Anchieta

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Descansem em Paz

02/11/2007 às 01h25

Tudo passa, só o amor de Deus permanece. Ao longo da vida, vamos tirando conclusões existenciais que nos conduzem a um verdadeiro amadurecimento pessoal e a um sincero aprofundamento naquilo que são nossas mais profundas convicções. Partir, voltar, sofrer, cantar, nada tem sentido se não estiver alicerçado em propósitos que, em última instância, norteiam para o infinito.

Viver o finito com tensão para o infinito. Porque se há algo passageiro nesta vida é a própria vida. Visite um cemitério, com bastante tempo e bastante vontade de refletir sobre a sua vida. Pare em frente de um túmulo de alguém que você não conheça, analise-lhe, no epitáfio, o nome, a data de nascimento, a data da morte … e ponha-se a pensar sobre aquela pessoa. Quem foi? O que fez? Foi casada, solteira? Teve riqueza, fama? Foi um bom profissional? Quem são seus parentes? Que história construiu? Foi feliz? Está feliz, no céu?

Não procure respostas, pois, lembre-se, você não conhece aquela pessoa. Para você, aquele que “aqui jaz” é um anônimo que talvez tenha realizado grandes prodígios, talvez tenha sido um grande homem ou mulher socialmente, ou talvez tenha permanecido sempre na obscuridade de um lar ou de um trabalho simples. Seja quem for … ela, aquela pessoa passou. E para nós, para você, que não sabe nada além do que se lê nas inscrições tumulares, aquela pessoa é apenas um nome.

Tudo passa. Permitam-me a ousadia de afirmar que até o bem que se faz aqui nesta terra passa, pois logo cai no esquecimento ou mesmo na ingratidão. Cazuza, no auge de suas reflexões sobre a morte, se questionava qual a melhor maneira de perpetuar a sua existência sobre a terra, pois aquilo que estava fazendo, gravando LP’s, não lhe garantiria esta perpetuidade: “discos arranham e quebram”.

Graças a Deus que também o mal passa, não fica muito tempo não! Evade-se rapidamente como um que é perseguido por uma fera.

O que fica então? O amor de Deus, que permanece e dá sentido a tudo o que fazemos. Mesmo que atinjamos a perfeição, mesmo que ninguém mais passe fome, que não haja mais nenhuma criança de rua, que ninguém mais tire a vida do outro, mesmo que consigamos o mundo que queremos, um mundo perfeito, este mundo perfeito também passará. Porque estamos sempre à procura do mundo que está por vir, o mundo em que o finito será miraculosamente (pois só Deus pode fazer isto) à categoria de infinito. A criatura contemplada com a participação na vida do seu Criador.

Só o amor de Deus permanece. Então, aquele anônimo que você visitou no cemitério, se tiver confiado nisto e se tiver vivido isto (a permanência do amor de Deus em sua vida), será muito mais que uma inscrição … será alguém que agora, já neste momento, na eternidade, vive a plenitude do amor de Deus.

Desta forma, com a grande Teresa d’Ávila, a quem eu e muita gente quer bem, podemos dizer: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa. Só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada falta. Só Deus basta”.
Porque, então, temer a “noite escura”? Nela, como na manhã radiante do dia que já desponta, Deus está conosco. CONFIEMO-NOS AO SENHOR, ELE É JUSTO E TÃO BONDOSO. Porque temer, se temos Deus que dá garantia de não morrermos nunca.

Contemplemos no dia de hoje, dia de finados, a morte sob esta perspectiva: a da transitoriedade deste mundo e de tudo o que existe nele, a da existência em Deus, da sua perpetuidade e da perpetuidade dos que a Ele se confiam, e a da restauração futura, quando se dará a festa da ressurreição de todos os fiéis defuntos.

REQUIESCANT IN PACE!


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

Contato: [email protected]

José Anchieta

José Anchieta

Redator do Jornal Gazeta do Alto Piranhas, Radialista, Professor formado em Letras pela UFPB.

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