De volta à Itaipu
Por Alexandre Costa
Depois de anos a fio de protelação, finalmente retornei depois 43 anos para rever uma obra que me marcou como profissional da engenharia e consolidou o meu sonho de trabalhar na construção da maior hidrelétrica do mundo.
O ano era 1979, o cajazeirense formando do curso de engenharia mecânica do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba enquanto afivelava as malas, surfava nos sonhos de um jovem e futuro engenheiro que se deleitava com a oportunidade única, que causava inveja e admiração aos colegas de turma, integrar os quadros da UNICON-União de Construtores Ltda um gigantesco consórcio de empresas (algo novo para época) criado exclusivamente para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu maior obra de engenharia genuinamente brasileira do século XX.
Não cheguei lá por acaso. A minha irmã, Maria Clara Cartaxo Costa, então assistente social da UNICON, foi a grande responsável pelas articulações e tratativas pela minha inscrição no disputadíssimo processo de seleção de engenheiros formandos. Foi tudo muito rápido. Após o fichamento nos Recursos Humanos lá ia o neófito engenheiro, de botas, macacão e capacete branco, escalado para coordenar, sob a supervisão do sisudo engenheiro italiano Dr. Pasquareli, as equipes de montagens das gigantescas torres metálicas fincadas nas margens brasileira e Paraguaia sobre o Rio Paraná criadas para o lançamento, via cabo de aço, de concreto refrigerado no maciço da barragem. Trabalho árduo que no turno noturno que chegava numa temperatura de até 2 graus célsius negativos, algo que custou a esse sertanejo uma forte pneumonia.
Mas nada me abatia, vivia embevecido naquele trabalho envolvido num misto de paixão e deslumbramento eu era apenas mais um num contingente de mais 40 mil trabalhadores onde o superlativo imperava, tudo era de dimensões assustadoras e descomunais: uma barragem de 196 metros de altura com 8 km de extensão que formou um lago artificial com uma superfície de 1350 quilômetros quadrados numa longitude de 187 km que hoje conta com 20 unidades geradoras que oferece 14 mil MW de potência instalada.
Criada em 1973 por um tratado entre governo brasileiro e paraguaio a ITAIPU BINACIONAL foi concebida para o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná onde foi erguida a Usina Hidrelétrica de Itaipu. Embora suplantada em capacidade instalada pela hidrelétrica chinesa Três Gargantas, ITAIPU é líder mundial de geração de energia que se tornou hoje, mesmo depois de inaugurada há quatro décadas, em uma das sete novas maravilhas do mundo da engenharia com mais de meio milhão de visitantes por ano. Quanto orgulho e realização para um jovem e sonhador engenheiro nordestino fazer parte dessa grandiosa história. Eu estava lá!
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, membro efetivo e fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras-ACAL
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