Da mãe do PAC a Andrade
Ano de 2010. No auge do prestígio e da popularidade, Lula fez de sua ministra Dilma Rousseff presidente da República. Para isso, levou dois anos preparando a candidata. Fez dela a mãe do PAC. O leitor está lembrado? O Programa de Aceleração do Crescimento é um conjunto de ações destinadas a garantir, no tempo certo, a execução de obras selecionadas para impulsionar o crescimento econômico e social, criar emprego e renda Brasil afora. No PAC estão projetos como a da transposição das águas do rio São Francisco, a Ferrovia Transnordestina, as redes de metrôs nas regiões metropolitanas, duplicação de rodovias e dezenas de outros investimentos essenciais ao desenvolvimento do País.
Ao exibir três grandes eixos – infraestrutura logística, infraestrutura energética e o eixo social e urbano – o PAC foi a grande sacada daquela década. Sacada de marketing. Se não produziu os resultados anunciados, tornou-se sucesso de propaganda, pondo a gerente Dilma em evidência. Dilma cobrava, de público, ministros e gestores relapsos, que atrasavam o calendário de obras sob seu encargo. Por coisas assim elegemos Dilma, mulher forte, determinada. Mas, vale a pena recordar, Lula levou dois anos na adubação do terreno para transformar uma gerente em estadista…
Em 2014, porém, o quadro mudou.
A reeleição de Dilma foi um Deus nos acuda e só ocorreu, talvez, graças aos mistérios do destino que desviou, tragicamente, a rota do candidato Eduardo Campos. Em 2014, o cenário eleitoral era adverso ao PT. O mensalão já abalara a autoproclamada ética petista, Zé Dirceu, Genuíno, João Paulo e Delúbio Soares, o tesoureiro, estavam presos, depois de processados, com o julgamento transmitido ao vivo pela TV Justiça. Nessa época, a Operação Lava Jato ainda engatinhava, mas já havia suspeita do uso da Petrobras como fonte de propina para abastecer cofres de partidos aliados, aumentar o patrimônio pessoal e familiar de políticos, empresários e servidores corruptos. Montara-se um sofisticado mecanismo de corrupção sistêmica que, no poderoso grupo Odebrecht, abrigava até mesmo um setor de operações estruturadas, com a finalidade de controlar os pagamentos de propinas, tal o seu gigantismo.
Agora, neste setembro de 2018 – depois do muito que se conhece do submundo da política, do conluio entre políticos, empresários e partidos para assaltar o poder no Brasil -, não está fácil transferir para Fernando Haddad o potencial eleitoral do Lula, expresso em todas as pesquisas de intenção de votos. Transferir votos, no curto período de um mês de campanha, é tarefa gigantesca. Até mesmo para um personagem carismático com feição de mito, como o Lula.
Como enfrentar o desafio?
Lula insiste em prolongar sua candidatura até os últimos recursos, como disse Haddad. Para quê? Para garantir o nome e o retrato de Lula na urna eletrônica! Seria um voto fantasma. Vota-se no Lula e elege-se o Andrade. Andrade? Isto mesmo. Andrade, como está sendo chamado no Nordeste, a fim de popularizar o professor paulista. Esse artifício não é novidade.
Cajazeiras já viveu essa experiência.
Em 2012, o eleitorado confirmou na urna o nome de um médico e Cajazeiras ganhou uma dentista. Não é ficção. É tática eleitoral. Esperteza. Agora o PT busca levar ao Planalto o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, aquele que foi derrotado ao tentar a reeleição, há exatos dois anos, mesmo sendo carregado por Lula e ajudado pelo cearense Ciro Gomes, numa cidade cheia de nordestinos. Nem assim deu certo.
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