CRÔNICA n° 2 – Do que pode levar à morte
Em breve, morreremos. E do que vivemos, levamos o vivido, não o conquistado.
Morreremos, mas sem antes conhecer o amor, amor esse que nos faz bem, nos faz mal, que faz alguma coisa… Amor que não quer reciprocidade, que não quer nada em troca, ele só quer amar.
Morreremos depois de risos e lágrimas, depois de terras e lamas, de quedas e jornadas caminhadas totais ou parciais.
Depois de termos deixado algo para trás, de termos feito, de não termos feito, de termos continuado e desistido, de termos ficado calados ou se em algum momento preferirmos falar, morreremos.
A morte é a única certeza que a vida nos concede e dessa certeza, em hipótese alguma, poderemos fugir, mas apesar disso, penso que o ruim não é morrer, mas como se morre.
Podemos morrer de amor, mas podemos morrer sem nunca ter amado, mesmo ele existindo e querendo amar através dos mortais. Amar dói, mas não amar é bem pior, porque jamais saberemos o prazer e o sofrer de amar e ser amado. São abdicações, renúncias, vivências que, amando, podemos viver e, antes da morte, termos com quem compartilhar.
Podemos morrer de tristeza por algo que queríamos e não conseguimos (incluamos aqui também o amor). Queríamos manter uma amizade, mas não deu. Queríamos manter o emprego, mas não deu (e a falta de dinheiro é terrível!). Queríamos viajar, mas não deu também… E, de queríamos em queríamos, a tristeza se acumula e, se não cuidarmos, podemos morrer.
Morreremos de alegria, de imprevistos, de destinos, de saudades, de ausências, de fracassos, de excessos de força, de nada fazer, de muito se doar, de não pensar, de pensar no muito e no nada, de falar demais, de falar de menos, de silenciar também.
Morreremos de solidão, de solidez, de amizades verdadeiras e que decepcionam e que não sabemos como perdoar. Morreremos de amizades falsas que fingem ser verdadeiras. Morreremos de fome, de frio, de calor, de quedas e tropeços… De espinhos que nos machucam na jornada da vida, do sangue que se esvai com cada furada do espinho da situação.
Morreremos porque uma mão amiga não nos foi estendida quando mais precisávamos!
Morreremos porque ninguém foi capaz de olhar para nós quando, ali no canto, chorando, estávamos.
Morreremos porque o vento não foi capaz de levar para longe de nós aquilo que nos impede de sonhar. Morremos, então, porque sonhamos demais, porque queremos demais, porque não podemos demais.
Morreremos somente em viver! A própria vida nos leva à morte, mas independente disso, vivamos. Se fôssemos eternos, não existiria morte e não existiriam motivos para viver.
Vivemos porque morremos!
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