A crise hídrica no Sertão
Por José Anchieta
A aproximação do período mais quente do ano começa a trazer à tona novamente o problema da escassez de água.
Com o registro de mais um inverno irregular na região, os reservatórios não tiveram a recarga suficiente para manter o consumo humano e animal, o que significa mais problemas para a convivência com esse fenômeno em vários municípios sertanejos. Aliás, alguns já enfrentam problemas de abastecimento agora, antes mesmo da chegada do segundo semestre.
Em várias cidades, o clamor por água já vem acontecendo há alguns dias, porque os sistemas de abastecimento não conseguem mais atender à demanda. Em Cajazeiras, por exemplo, bairros inteiros ficam sem água durante 15 dias, deixando os moradores em situação de desespero. E o pior: a tendência é de agravamento até o final do ano.
O açude Engenheiro Avidos (Boqueirão de Piranhas) não recebeu recarga suficiente para atender o abastecimento da cidade, sem a necessidade do racionamento posto em prática, apesar das chuvas em Cajazeiras terem sido acima da média histórica, ou seja, mais de 900 milímetros. No momento, o açude está com apenas 8% da sua capacidade de reserva, o que é muito preocupante para a população.
Pois bem, esse é um cenário que se repete, há quatros anos seguidos, com consequências já previstas. Encontros, debates e mais debates são feitos, principalmente no âmbito do legislativo estadual e municipal, mas ações concretas para pelo menos minimizar o sofrimento das comunidades mais afetadas não acontecem.
A população continua inquieta e cobrando políticas públicas de uma melhor convivência com os efeitos das estiagens. Os programas, por exemplo, de perfuração de poços, de construção de novas barragens e de desassoreamento de muitos reservatórios, são constantemente reclamados, principalmente pelas comunidades rurais, que continuam na dependência dos carros-pipa.
Nas cidades, as obras de algumas adutoras caminham a passos lentos, e precisam ser aceleradas para o aproveitamento de alguns reservatórios que ainda dispõem de água de qualidade, como é o caso de Lagoa do Arroz, que conseguiu acumular um volume mais significativo com as recentes chuvas caídas na região.
Neste momento, é preciso alertar as autoridades em todos os níveis de governo. Os gestores públicos e representantes políticos precisam congregar forças para viabilizar soluções práticas, antes que o quadro se agrave ainda mais. E a sociedade precisa ficar mais vigilante para cobrar com mais ênfase. Do jeito que vai, é muito preocupante.
Solenidade concorrida
Foi bastante prestigiada a solenidade de lançamento, ontem à noite, do livro Guerra ao Fanatismo: a Diocese de Cajazeiras no cerco ao Padre Cícero, do escritor cajazeirense Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Apresentado pelo padre Janílson Rolim, o polêmico livro analisa fatos que marcaram a criação da Diocese local, em 1914.
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