Crescimento urbano de Cajazeiras
Por Francisco Frassales Cartaxo
Há muitos anos, em conversa de calçada de bar, um vendedor de imóveis tentava me convencer que havia sinais de saturação do mercado imobiliário, em Cajazeiras, escrevendo números num pedaço de papel. Eu achava o contrário, tinha campo para expansão, argumentava, confiando no surgimento de novos cursos. Nessa época, o curso de medicina da UFCG, ainda nem formara a primeira turma. Meu amigo conhece o mercado imobiliário cajazeirense. Eu sou apenas um velho afeito à pratica de planejamento estratégico. Portando, acostumado a enxergar lá na frente. Não adiantou.
Então me recolhi à capa de visionário.
Isso se deu lá atrás, quando havia menos de 15 cursos de graduação e o de Medicina da Santa Maria era apenas um projeto. Que mudança! Hoje são mais de quarenta cursos, incluindo os de pós-graduação, públicos e privados. O tempo e a célere evolução me deram razão. O avanço nas bases da educação superior e intermediária alavancou, ao lado de outros fatores, nosso crescimento urbano, imprimindo-lhe características que merecem ser resumidas agora.
Primeira, rapidez nas edificações. Não preciso citar números. É só percorrer todos os bairros da cidade. Em qualquer recanto, lá estão casas, edifícios, conjuntos habitacionais horizontais e verticais, incorporando sítios, granjas e fazendas ao perímetro urbano de Cajazeiras.
Segunda característica: mudança no padrão de construção. Como assim? O mercado ficou mais exigente, graças sobretudo à presença de professores e estudantes universitários, em particular dos cursos de Medicina. Passou-se a exigir das construtoras mais cuidados com garagens, iluminação natural, ventilação, instalações apropriadas ao uso de ar condicionado e de equipamentos eletrônicos necessários ao trabalho milhares de profissionais e alunos. Mais uma vez, é desnecessário provar com números. Basta olhar os andares destinados aos veículos nos prédios mais altos.
A terceira característica é a desorganização urbana. Crescimento urbano acelerado, com novos padrões de qualidade, exigidos pelo mercado, ao lado de conjuntos populares, tudo isso está sendo feito de forma desordenada. Um diagnóstico sério, conduzido por equipe interdisciplinar, comprometida com a valorização do meio ambiente e o desenvolvimento urbano sadio, revelará as mazelas de Cajazeiras. E evidenciará o crime praticado com o beneplácito do poder público e a imperdoável conivência da sociedade cajazeirense.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras – ACAL
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