Correios: privatiza ou vira sucata
Por Alexandre Costa
Tramitando em regime de urgência na Câmara dos Deputados por meio de um Projeto de Lei (PL n° 591/21), o processo de privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) sofreu um duro revés essa semana quando o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, se manifestou contra à privatização de partes das atividades da empresa, como os serviços postais e o CAN-Correio Aéreo Nacional (serviço postal militar mantido pela FAB). Ou seja, a privatização da empresa passaria necessariamente pela aprovação de uma PEC.
Com esse entrave, o governo, para não atrasar o cronograma de venda da estatal, previsto para o primeiro trimestre de 2022, provavelmente para fugir de uma PEC, acionará o famoso “jeitinho brasileiro” fatiando a operação deixando os serviços postais e o CAN como concessão pública privatizando o resto da empresa.
A ECT, como a grande maioria das empresas públicas no Brasil possui um histórico pouco recomendável em termos de governança pública. Foi dentro das entranhas da ECT que surgiram as primeiras e inúmeras denúncias de corrupção sistêmica nas empresas públicas brasileiras que desencadeou no ano de 2005 a criação da CPI dos Correios que desvendou o Mensalão, o maior caso de corrupção do parlamento brasileiro.
Apesar de se encontrar em um razoável processo de saneamento econômico e financeiro a ECT acumulou entre os anos 2013 e 2016 um rombo na ordem quase R$ 4 Bilhões originados em grande parte por corrupção, gestões temerárias e pelo plano de previdência (Postalis) e saúde (correio saúde) de seus funcionários.
A ECT sobrevive hoje com um modelo de gestão totalmente defasado, prestando um péssimo serviço, um exemplo típico de uma empresa que por falta de investimentos perde mercado, ficando atrás dos seus concorrentes mais avançados tecnologicamente como as gigantes mundiais do e-commerce e de logística (Amazon, Alibaba, DHL e FedEx).
Estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apontam que para sobreviver e se tornar competitiva no mercado a ECT teria que aportar investimentos na ordem de R$2,5 bilhões/ano. Entendo que na conjuntura atual, nem a empresa e muito menos o Tesouro Nacional tem caixa para isso. O país tem outras prioridades antes de investir numa empresa de entregar cartas. Não vejo outra saída: privatiza ou vira sucata.
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, presidente da CDL/CZ, diretor da Fecomércio PB e membro da ACAL.
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