COP 27: os sujos e hipócritas do clima
Por Alexandre Costa
Marcada por rusgas e desentendimentos entre países ricos e as grandes nações em desenvolvimento a cúpula, COP 27 chegou ao fim no último domingo (20) celebrando um importante acordo histórico, porem, extremamente mal construído.
Instalada na suntuosa Estação Balnearia de Sharm el Sheikh, às margens do Mar Vermelho no Sinai egípcio, a 27ª Conferencia do Clima Sobre as Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas que reuniu ao longo de 14 dias mais de 90 Chefes de Estado e representantes de 197 países começou com uma pauta cheia de vários alertas: enchentes no Paquistão, ondas de calor na Europa, furacão Ian na Florida e claro não poderia ficar de fora, o desmatamento da Amazônia.
Lastreada pelo consenso que o planeta está à beira de colapso climático e que não há tempo a perder, alguns, desses ardorosos líderes, arautos do apocalipse ambiental, foram flagrados ao congestionar o aeroporto da glamorosa Sharm el Sheikh com mais de 400 dos seus reluzentes jatinhos, o meio de transporte (por passageiro) mais poluidor da terra. Segundo o Grupo de Defesa Europeu Transporte e Meio Ambiente, um jatinho chega a expelir em média 2 toneladas de CO2 por hora de voo chegando a poluir de 5 a 14 vezes mais do que a média por passageiros em aviões de carreira e 50 vezes mais que os trens.
O nosso refinado recém-eleito presidente tupiniquim chegou de carona no evento num artefato desses, uma aeronave Gulfstream G 650, moderníssimo equipamento num valor estimado de mais de R$ 360 milhões com alcance intercontinental, que transporta até 19 passageiros. O Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido fez as contas: o passeio de Lula ao Egito, no avião de um amigo, custou ao meio ambiente 52,2 mil quilos de CO2 para contribuir no agravamento do efeito estufa da terra. Corretos na retórica, sujos e hipócritas, na prática, os países pseudodefensores do clima já se engalfinharam nas 27 edições dessa mesma conferencia com acusações mutuas sobre quem polui mais sem chegar nunca a um consenso para definir para quem vai a astronômica conta causada pelos irreversíveis estragos causados ao meio ambiente.
Esse ano não foi diferente, ficaram de fora do acordo, medidas rígidas para mitigar o uso de combustíveis fósseis e parâmetros claros para limitar a 1,5°C o aumento da temperatura global o que prevaleceu mesmo foi a contínua refrega entre países ricos, União Europeia e os Estados Unidos, os maiores poluidores, e os países em desenvolvimento, Índia, China e o Brasil para criar e custear o denominado Fundo de Perdas e Danos para compensar países vulneráveis devastados por crises climáticas.
O Fundo de Perdas e Danos foi criado sem um regramento claro: quem são os dadores e as fontes dos recursos? Quem terá acesso ao dinheiro? Como classificar um país vulnerável? Mais uma proposta inócua que foi empurrada para ser rediscutida na COP 28 em Dubai.
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