Confrade Eliézer Rolim, presente!
Por Francisco Frassales Cartaxo
Terça-feira a notícia se espalhou em tom de sussurro. Soube de Eliézer? Covid. Está na UTI. Grave, muito grave. Morte cerebral, dizem. De repente, o que era murmúrio se transformou num mundo de inferências e especulações a girar em grupos na internet, numa velocidade de propagação sem freio, projetadas da cabeça de cada um. Até que as 14:26 h do dia 1º de fevereiro, o confrade Gutemberg Cardoso falou no WhatsApp da ACAL:
“Pessoal, boa tarde. Falei há pouco com a esposa de Eliézer. Ela disse que o estado é muito grave, a parada foi muito longa, teve sequelas cerebrais. No entanto, o exame para a morte cerebral ainda não foi feito, deve ser feito nas próximas horas para saber a extensão da gravidade da lesão da parada cardíaca.”
Na mesma noite, outro áudio:
“Acabo de falar com Rosângela. O quadro continua estável. Eliézer sofreu uma embolia pulmonar, o que deve ter gerado sequelas, está entubado e sedado, por recomendação médica. Os médicos estão otimistas, pode haver reversão no quadro. O quadro é grave devido a embolia e torcem pela regressão.”
Não houve regressão.
Dia dois, no início da tarde, chegou a indesejada verdade.
Eliezer Rolim, 60 anos, viveu no mundo das artes desde menino. Teatro e cinema seduziram o arquiteto cajazeirense, com mestrado e doutorado em artes cênicas, na Bahia e na França. Sua produção teatral é exaltada tanto quanto a de cinema, realce especial para Beiço de Estrada, que começou no teatro, lá atrás, e foi para o cinema, com igual sucesso. Tal qual muitas de suas peças teatrais.
Eliézer quase deixa de entrar na ACAL.
Seu patrono na Academia Cajazeirense de Artes e Letras, professor Hildebrando Leal, de quem deveria traçar o perfil biográfico, requisito para ser sócio fundador, era pouco conhecido. Na época, ele andava muito atarefado na UFPB, com pouco tempo para pesquisar. Quase desistiu da vaga. No entanto, logo surgiu quem o ajudasse na pesquisa. José Antônio e eu, entre eles. No meu caso, menos por amizade e mais pela convicção de que seu nome honraria a ACAL. Deu certo. Eliézer orgulha nossa Academia.
Em agosto de 2021, comentamos o filme Beiço de estrada, que eu vira em casa com a família. Eu lhe disse, Retrato fiel sem cenas chocantes. A cruel realidade de seu filme se basta. O desempenho do menino foi destaque. Eliézer revelou: Beiço são memórias minhas do sítio São José. O resto é cinema…
A maldição do século XXI o levou. Eliézer, presente!
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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