Combater as desigualdades
Por Francisco Frassales Cartaxo
Desigualdades econômicas são problema, antigo e atual, para as nações e para as pessoas. Em simplificação extrema da realidade, pode-se destacar dois grandes eixos de desníveis existentes no mundo: as desigualdades regionais e as desigualdades sociais. Num plano mais geral, as disparidades regionais ocorrem entre países e, internamente, entre regiões de um mesmo país. Elas existem em todas as nações, porém, são muito maiores em determinados países. A gradação, observada entre as diversas áreas geográficas, funciona como um forte indicativo do estágio de desenvolvimento de um país ou de uma região. Assim, nos países desenvolvidos os desníveis são muito pequenos, ao passo que nos países atrasados, subdesenvolvidos, os desequilíbrios são enormes. Às vezes, insuportáveis. O mesmo conceito é aplicável aos níveis de renda e bem-estar dos habitantes de um mesmo país. A renda média auferida pelas famílias é, entre muitos outros, um seguro indicador das diferenças sociais.
Por que falo deste assunto?
Porque é importante avaliar a conduta dos gestores públicos em face das desigualdades, observar a maneira como agem para reduzi-las. E verificar como os governos enfrentam os sérios problemas dos desníveis sociais e regionais existentes na sociedade. Para quê? Para merecer aplausos. No Brasil, onde as disparidades são gritantes, deve ser apoiado o governante que fixa como objetivo principal diminuir os desequilíbrios de renda entre as famílias e entre regiões. Ao contrário de uma administração que menospreza as mudanças estruturais, presentes no cenário de desigualdade histórica em nosso País.
Quem lutou contra as desigualdades no Brasil?
Ao longo dos séculos XIX e XX, a natureza da evolução da economia brasileira acarretou enorme diferenciação geográfica que beneficiou o Sul/Sudeste em detrimento do Norte/Nordeste. Resultado: o Sudeste se desenvolveu muito mais do que o Nordeste. Celso Furtado enxergou com muita clareza esse processo e formulou uma coerente política de correção desse profundo e nocivo desequilíbrio. Daí nasceu a Sudene, que comandou um conjunto de ações planejadas, cujo objetivo final era reverter os brutais desníveis na economia brasileira. Com o respaldo do presidente Juscelino Kubitschek, Celso Furtado enfrentou as arcaicas oligarquias nordestinas e começou a colocar em prática uma política desenvolvimentista, que contemplava a montagem, no Nordeste, de consistente núcleo industrial, a formação de recursos humanos de qualidade, a modernização administrativa do setor público e do empresariado nordestino.
O golpe de 1964 interrompeu o grande sonho de Celso, congelou seus direitos políticos e o incluiu entre os brasileiros indesejáveis… A Sudene não foi extinta, mas enveredou por sinuosos caminhos, muito diferentes daqueles traçados pelo seu idealizador. Mesmo assim, cumpriu papel relevante na administração pública brasileira. Hoje, coitada, parece um fantasma!
No século XXI, um exemplo de ações de governo, voltadas para reverter as desigualdades sociais e regionais na sociedade brasileira, ocorreu com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em pelo menos quatro frentes: fortalecimento da base hídrica na região semiárida, transferência social de renda para camadas mais carentes da população, aumento do poder aquisitivo do salário mínimo e melhoria do acesso de estudantes pobres ao ensino superior. Isso fica para o próximo artigo.
P S – Desejo a todos um carnaval sem violência e com muita alegria.
Membro da Academia Cajazeirense de Artes e Letras-ACAL
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