Colecionismo
Por Cristina Moura
Colecionar é algo forte em mim. Comecei cedo. Meus amigos psicólogos dizem que a acumulação é um distúrbio, caso aconteça com o simples intuito de reter, amontoar ou esconder. Se esse acúmulo construir um objetivo histórico, porém, no sentido de resgatar itens preciosos ou raros, não entendo como desajuste. Posso estar enganada, mas aqui relembro alguns tópicos sobre o contrário do desapego.
Meu colecionismo iniciou com revistas em quadrinhos e álbuns de recortar e colar. Com a adolescência, as peças ficaram chatas. O sentimento de fazer coleções, então, migrou para segmentos diferentes: recortes de fotos de homens bonitos e famosos, figurinhas, adesivos, papéis de carta, selos, fitas cassete, revistas com cifras para violão, fitas de vídeo, CDs e DVDs. Todos se desfizeram, à medida que fui encontrando imagens ou sons mais atrativos. Colecionar, sabemos, envolve um delicado trabalho de comprar e trocar, num mundo de centenas de horas e personagens.
Do grupo Menudo, reuni algumas figuras. A febre era tão grande, mas tão grande, que meu irmão Christiano foi solidário e desenhou um enorme pôster com o nome do grupo e as assinaturas dos integrantes. Pronto. Meu quarto transmitia aquela enorme paixão pelos porto-riquenhos. Isso foi uma prova simples de que as coisas na vida passam. Mesmo. Se eu escutar qualquer canção deles agora, aposto que começo a rir.
Outros itens são obrigatórios, não apenas colecionáveis, como a revista Oba!, que assinei 22 números como editora. Os desenhos das minhas sobrinhas, Marina e Camila, também estão guardados. Os paninhos de singeleza feitos por Vozinha são belas relíquias. Algumas edições da Revista de História da Biblioteca Nacional deixaram de ser pura diversão e viraram assuntos de estudo e pesquisa de pós-graduação.
Alguns cartões de visita, flyers, folders, panfletos ou convites, que entendo como extremamente criativos, estão colecionados. Se o cheiro da celulose envelhecida incomodar, jogo cada papel no lixo, com o coração apertado. As traças, às vezes, tentam me perseguir. Alguns desenhos meus, que fiz durante a infância, além de outros que produzi muito depois, inclusive em dias mais recentes, guardo com carinho.
Mas é numa grande caixa plástica azul que mantenho alguns gibis e publicações alternativas. São ferramentas ricas para trabalhar em sala de aula. Os alunos mexem e remexem, mas, antes, escutam aquele aviso dócil da professora, com um lembrete escrito no quadro. Por favor, queridos, muito cuidado, pois esse material é uma coleção de anos e anos. Já me deparei com páginas amassadas ou rasgadas. Sim. Sim, claro. E o culpado nunca aparece.
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