Chega!
Por Alexandre Costa
Quando o rapper e compositor Gabriel o pensador compôs essa música, que leva o título desse texto, jamais viria a imaginar que dentro de toda sua obra, marcada por um forte estilo contundente de contestação, essa canção se tornaria uma ode de protesto ao escorchante, arcaico e injusto sistema tributário brasileiro.
Assim se manifestou o poeta: “Presidente, deputados, senadores, prefeitos, governadores, secretários, vereadores, juízes, procuradores, promotores, delegados, inspetores e diretores, um recado para as senhoras e os senhores: eu pago por tudo isso, imposto sobre o serviço, taxa sobre o produto, pago no meu tributo, pago para andar na rua, pago para entrar em casa, pago para não entrar no SPC e no SERASA, pago o estacionamento, taxa de licenciamento, taxa de funcionamento, liberação e alvará, passagem, bagagem, pesagem, postagem, imposto sobre importação e exportação, IPTU, IPVA, imposto de Renda, INSS, IOF, IPI, CONFINS e o PASEP, a construção do estádio o operário e o cimento. Eu pago o caveirão, a gasolina e o armamento. Eu pago o subsídio absurdo dos deputados. Paguei ontem, pago hoje e amanhã vou pagar. Me respeita! Eu sou o dono desse lugar! Chega!”
O inquieto Gabriel nesses seus versos de protestos conseguiu apenas nominar apenas 8 dos 92 tributos, entre impostos, taxas e contribuições que massacram os brasileiros, uma excrescência tributaria que captura 34% de todas as nossas riquezas que são produzidas no país, algo em torno de R$ 3 trilhões de reais somente no ano 2021. Um perverso e injusto sistema de cobranças de impostos que penaliza os mais pobres e afugenta investidores internacionais, um monstro que nos tornou um dos países que mais tributa no mundo.
Dados recentes do IBPT-Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostram que o brasileiro tem de trabalhar, em média, 149 dias por ano somente para pagar impostos, ou seja, a cada 10 dias que trabalhamos no ano, 4 são para custear toda a máquina pública, inclusive seus políticos e burocratas.
O Brasil tributa muito e mal! Uma sangria incontrolável para abastecer, na maioria das vezes, os cofres de prefeituras, estados e, geridos na grande maioria de forma ineficiente, perdulária e corrupta. É um dinheiro que não retorna para o cidadão em forma de serviços públicos de qualidade para mitigar graves problemas brasileiros como os de Saúde, educação e segurança.
Seria a música do pensador um lampejo de consciência e rebeldia tributaria na mente do sofrido e exaurido contribuinte brasileiro? Sim, apenas um lampejo. A solução passa necessariamente pela aprovação de uma ampla reforma tributária dentro um pacto federativo que unifique as várias propostas que tramitam no Congresso. Essa sim, seria a única saída para extirpar essa zorra tributaria que o país vive. Chega!
Alexandre José Cartaxo da Costa é engenheiro, empresário com MBA em Gestão Estratégica de Negócios, membro efetivo e fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras-ACAL
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário