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Francisco Cartaxo

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Cenas da tragédia política brasileira

31/12/2017 às 16h18

Cadê obalanço anual?O rato comeu. Não vouencher o saco de ninguém, leitor amigo, como faz a grande mídia a derramar retrospectivas bocejantes. Selecionei tão sóalgumas cenas emblemáticas que,para mim, dão sentido à fase de metamorfose política ambulantedo Brasil da Lava Jato. Aí está a amostra.

Prisão de Marcelo Odebrecht. Ele chegou a Curitiba como quem ia passar um fim de semana.Cheio de razão.Arrogante. Delação premiada? Qualé, cara, eu castigaria até minha filha se ela dedurasse sua irmã, metaforizou. Marcelo ficou no xadrez 30 meses. Ali baixou a bola. Caiu na real e explicou tudo direitinho. Ele e a tropa de 77 executivos das empresas do seu império econômico, o maior financiador de campanhas eleitorais da América Latina! Só então, o Brasil tomou conhecimento da moderna gestão empresarial da Odebrecht,do sofisticado e inovador departamento de propina, que lhe deu orgulho de ser corrupto!Em 19 de dezembro, Marcelo voltou para sua casa de 3.000 m2 em São Paulo. Mudo.Em prisão domiciliar e proibido de dirigir suas empresas até 2027.

Bengala de Maluf. Paulo Maluf sai do carro rumo à Papuda. De bengala, ele simula ser mais velho e mais doente do que minha saudosa avó quando,já caduca, fazia xixi no quintal. Gente, Maluf nunca fora preso, embora esteja, há sete anos, na lista de criminosos da Interpol. Por isso não bota os pés fora do Brasil. Aqui ele rouba desde quando foi escolhido,pelo regime militar, prefeito de São Paulo (1968) e governador paulista (1978). (Sabe quem era seu vice? José Maria Marin, hoje preso em Nova York, larápio da gang internacional do futebol!). Ele nos USA e Maluf na Papuda…

Caixa dois de Cabral. O ex-governador Sergio Cabral está na cadeia, condenado a 87 anos de prisão. E ainda tem processos em andamento. A dança do guardanapo em Paris é farra do passado, mas Cabral continua arrogante. O juiz Marcelo Bretaspergunta:
– Então o senhor acha que esse gasto écaixa dois?
– Sim, excelência, eu autorizei retirar uma parte do caixa dois para reformar a casa de minha ex-mulher.
-E a mesada do irmão dela?

– Também, excelência, era grana foi sacada do montante do caixa dois que eu distribuía com meus aliados.
Caramba, Cabral ampliou o conceito de caixa dois! Agora, só falta a lei de anistia do caixa dois. Ampla, geral e irrestrita.Pronto. Voltemos a Paris…
As malas de Geddel. A PF encontrou 51 milhões em nove malas num apartamento em Salvador. Falta uma mala?Ih, deve ser a da corridinha…

A corridinha. Lá vai Rocha Loures com a mala, saindo do restaurante rumo ao táxi, o olhar assustado com medo de estar sendo espionado. E estava mesmo. Assessor de Temer, o paranaense carregava 500 mil reais. Descoberto, resolveu entregar à PF a mala e o dinheiro. Mas ficou com 35 mil. Seria o frete?Logo repôs sua parte no negócio. Para quem era a grana? O Congresso Nacional proibiu a gente de saber, pois não autorizou o STF a investigar sua excelência o presidente da República. Temer e mais 50 mil autoridades gozam das prerrogativas do cargo.Careta, é muita gente!

O voto dos iguais. Este ano, o presidente Michel Temer escapou de ser processado pelo STF,porque os parlamentares não quiseram. Ele foi salvo pelo voto dos iguais. Mas é claro: hoje é ele, amanhã somos nós…

Próspero 2018, com novascenas: Eduardo Cunha, Lula, Moro, Aécio, Jucá, Renan, Zé, Quincas,Marun…


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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