Carta aberta a Pablo e Corrinha
Por Francisco Frassales Cartaxo –
Recife, 27 de setembro de 2024
Escrevo a vocês como faria um avô a seus netos, embora eu seja quase um estranho. Faço isso com base em anos de estudo, experiência política e de gestão pública. Vivenciei situações inusitadas que me levam a falar nesse tom coloquial, desinteressado porque amo Cajazeiras, num apego muito diferente de falsos amores de slogan.
Vocês pouco me conhecem, bem sei.
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Subi no palanque pela primeira em 1955. Tremi ao discursar em comício no Alto do Cabelão. No pleito de 1963, já quase formado, defendi em discursos e no guia eleitoral a mensagem renovadora de Raimundo Ferreira. Mais tarde, quando a ditadura de 1964 ainda impunha regras eleitorais restritivas, ajudei a segurar a bandeira da oposição em Cajazeiras, como um dos candidatos a prefeito, ao lado de Acácio Braga e Patrício Nogueira. Relembro. Em 1982, o grande líder oposicionista, Bosco Barreto, tomou o caminho da perdição – pavimentado em Sousa, onde “descobriu” que Antônio Mariz era “lambedor de botas de generais” – e decretou a extinção do PMDB de Cajazeiras. Então me juntei aos heróis da resistência democrática e vivi a única incursão eleitoral. Daí por diante, me liguei mais ainda a Cajazeiras, tanto que subi em palanque vez em quando. Vejam, meu amor tem raiz pura. Por isso escrevo esta carta com estes alertas:
- Afastem-se das “amizades” e de “assessores” que lei$oam seu caráter (?) para destruir a reputação de eventuais adversários; não têm escrúpulo, pouco importando a verdade, usam meio escusos próprios dos crápulas.
- Fujam do crime organizado – um dos problemas mais graves vividos no mundo, aí inclusive. Seus agentes não aparecem vestidos de preto, mascarados, com revolver, fuzil ou metralhadora. Voz mansa, alimentam seu bolso com muita grana. Só mais tarde revelam-se. Ameaçam lhes matar. Nem sempre o fazem, mas transformam vocês em refém, um jeito perverso de matar. Contra a vontade, vocês viram um “deles”, mesmo que “eles” sejam procurados pela Justiça e vocês, não. Vocês são “apenas” refém. E refém… vocês sabem!
- Antes que isso lhes aconteça, Pablo e Corrinha, abram suas vidas. De nada vale buscar as sombras. Cheguem junto da população, compartilhem com o povo angústia, dilema, medo. Em Cajazeiras operam muitas emissoras de TV e rádio, sites e blogs. Entre eles, haverá os que se colocam a serviço do bem coletivo e lhes darão guarida.
- Outra coisa. Cajazeiras é polo educacional de primeira grandeza no interior do Nordeste, firmado no campus da UFCG, na Faculdade Católica da Paraíba, no UNIFSM – Centro Universitário Santa Maria, no IFPB e na FASP – Faculdade São Francisco. Junto com os colégios e escolas técnicas formam grandioso complexo de ensino, responsável pela presença de milhares de professores e estudantes. Desse conjunto vem a força do crescimento de Cajazeiras. Do lazer à construção civil. Corrinha e Pablo, vocês já se reuniram com gestores do ensino, professores e alunos para conhecer de perto as demandas de tão importante comunidade?
- Ligado a essa questão existe a irmã-gêmea: o Plano Diretor. Nos últimos 20 anos, a expansão urbana adquiriu extraordinário dinamismo. Vocês já pensaram como governar uma cidade que, na final da próxima década, terá perto de 100 mil habitantes?
- Por tudo isso, aproveitem o enorme potencial da sociedade civil organizada de Cajazeiras. Do contrário, a mudança que vocês pregam será mais um triste engodo eleitoral.
Por hoje é só. Desejo-lhes coragem, lucidez para bem governar Cajazeiras.
Abraço
Frassales Cartaxo
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