Cajazeiras sesquicentenária: amada e eternamente nossa

Visitante, bem-vindo sejas a esta terra sesquicentenária!
O Cristo Redentor no alto de braços abertos te saúda.
Vem, descansa da tua jornada, esta terra é tua.

Hoje pode até não ter festa solene para comemorar nossos 150 anos de existência, mas nos nossos corações as alegrias são infinitas e neles acolhemos a todos.

Vamos ao Tênis Clube para pisar no solo onde a cidade nasceu.
Do Tênis, com mais alguns passos matarás a sede com as águas do Açude Grande, construído por Vital e Ana, no longínquo tempo do nascimento. 
Do balde do açude, aguardes o entardecer e presenciarás o mais belo por sol do mundo.

Quando a noite chegar feche os olhos e ouça, no imaginário, o pipocar dos rifles, que disparavam balas em defesa de nossa liberdade.

Da Colina do Tênis Clube, contemples a Igreja Matriz, berço de nossa religiosidade, onde de joelhos demonstramos a nossa devoção à Virgem da Piedade.

Ao lado da igreja fez-se a escola, formadora de místicos e revolucionários, sob a orientação do Padre Mestre Rolim.

Visitante, já que aqui estás senta-te à mesa e saberás o quanto o povo desta terra é hospitaleiro.

De milagre em milagre, caro visitante, está cidade foi sendo construída e serviu de balsamo e consoladora dos corações aflitos de seus caminheiros, quando inúmeros deles, nela resolveram fixar paragem.

A terra, a água, a cruz, a fé, o trabalho e a educação foram as atrações, meu caro visitante, que fecundaram nos corações dos bandeirantes dos sertões das cajazeiras. 

O gado, visitante, foi ele que construiu estes caminhos dos sertões, mugindo e batendo chifres no tropel, por aonde chegastes, que hoje anda silente em cima de caminhões, fazendo morrer também o aboio do vaqueiro.

Olha visitante no nosso céu o quanto Cruzeiro do Sul é belo e as suas estrelas refletem as suas luzes, em forma de cruz, para abençoar a nossa gente.

Chega visitante, vem sentar nesta calçada alta, numa cadeira de balanço, para ouvir nossas estórias de “trancoso” enquanto o vento do Aracati não sopra para acariciar as nossas faces e amenizar o nosso calor.

Não sei explicar porque, caro visitante, que chegastes para a festa do sesquicentenário de minha amada Cajazeiras e nada encontrastes para celebrar esta efeméride tão marcante de sua história. 

Mas te dou de presente a sua bela História: abra este livro e nele verás que no principio era só a mata e foi-se fazendo a picada para os homens e o gado. Construiu-se em seguida, a sombra, o alimento, o barreiro, a escola, a cruz, outros caminhos, saberes, ensinamentos, famílias, alianças de fé, atos de bravura e laços de amor. Que bela História!

Na caminhada o chão de barro amassado, a estrada a pé e é nesta estrada que quero que caminhes, não só para o nosso passado de lutas e glórias, mas com destino ao futuro.

Caro visitante, desejo que por aqui permaneças, faças pousada, porque “a terra onde se vive é mais forte que a terra onde se nasce” e foram exatamente os que aqui estiveram que resolveram fazer morada e ajudaram na construção destes 150 anos de História.

Caro visitante, conhecendo o passado de minha cidade e os sonhos que um dia quero vê-los realizados é que vais encontrar a justificativa do amor e da devoção que tenho pela minha eterna e amada terra. 

Neste dia 23 de novembro, caro visitante, quando esta cidade completa 150 anos de vida, sem festa, sem pompas, esquecida, ignorada, talvez seja possível, da mesma forma como aconteceu em seu centenário que foi comemorado um ano depois, em 1964, nós não possamos fazer uma apoteótica festa em 2014?

Salve minha eterna e amada cidade. Beijos nos corações de todos os filhos nascidos do ventre das verdes cajazeiras do meu sertão!

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José Antonio

Professor Universitário, Diretor Presidente do Sistema Alto Piranhas de Comunicação e Presidente da Associação Comercial de Cajazeiras.

Contato: [email protected]