Cajazeiras precisa acordar
POR JOSIVAL PEREIRA – Registre-se, inicialmente, a alegria da retomada de conversa com os cajazeirenses e sertanejos através deste espaço depois de um período de descanso.
Uma semana foi dedicada a visitas ao Alto Piranhas paraibano e ao Cariri cearense.
No Sertão da Paraíba, a contemplação, mais uma vez, da fartura das águas proporcionada pela transposição do São Francisco. Trasborda esperança. Todavia, ao mesmo tempo, entristece constatar a quase indisponibilidade das águas para o desenvolvimento econômico e social da região.
O prefeito de São José de Piranhas, Bal Lins, em conversa recente, revelou que até já existe autorização para o uso das águas em projetos de irrigação, mas os custos tornam inviáveis a utilização por pequenos produtores. Gestores e políticos da Paraíba precisam enfrentar esse problema. Os grandes projetos empresariais serão bem-vindos, porém, será necessário criar condições para projetos irrigados da agricultura familiar.
Eis uma questão que precisa ser pautada imediatamente. Lamentavelmente, novamente se constata a quase total alienação dos políticos paraibanos em relação aos problemas realmente essenciais para o desenvolvimento do interior do Estado.
No Cariri cearense, depois de longa ausência, a novidade surgiu na forma de um moderno teleférico, permitindo acesso mais suave ao horto do Padre Cícero. O equipamento, com 26 cabines aquários, que fornece uma bela visão de parte da chapada e da cidade, foi obra do governo do Estado, inaugurada em 2020, e chegou para incrementar o turismo religioso, impulsionado pela chegada diária de dezenas de ônibus com romeiros.
A região do Cariri cearense é impressionamente rica para ser cravada no interior do Nordeste. Havia o histórico turismo religioso, mas os chamados “governos da mudança”, período iniciado com a eleição de Tasso Jereissati, em 1986, quebrando o ciclo do coronelismo, transformou a região, liderada pelos municípios do Crato Juazeiro do Norte e Barbalha (Crajuba) em exuberante e moderno polo econômico.
O registro sobre o teleférico é para anotar que a Paraíba não dispõe de nada parecido, embora conte com alguns parques ambientais; lamentar a inexistência de um roteiro turístico no interior, apesar de alguns parques turísticos, a exemplo do Vale dos Dinossauros, em Sousa; assinalar que Cajazeiras não tem nenhum equipamento turístico e está totalmente ausente dos roteiros turísticos nacionais. Isso tira oportunidades econômicas e torna a cidade e a região mais pobres.
Pior que, como no caso dos problemas para uso das águas do São Francisco, as lideranças da região (políticas e empresariais) não discutem a questão. Sorte (registre-se assim) é que o governador João Azevedo tem demonstrado preocupação com a situação e projeta um roteiro turístico no Sertão, incluindo a cidade de Cajazeiras, com a implantação do Museu de Arqueologia dos Sertões, que expor inclusive peças encontrados nas escavações da obra de transposição do São Francisco. O roteiro incluiria o Vale dos Dinossauros e uma espécie de cidade espacial em Aguiar, onde está sendo implantado um enorme telescópio que vai pesquisar o som da dimensão escura do universo.
O governo do Estado já estaria procurando espaço para instalar o museu. Na cidade ninguém comentada nada. Só se fala em política. Pelo visto, não tem conhecimento, não se interessa e não ajuda.
Cajazeiras precisa acordar.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
Leia mais notícias no www.diariodosertao.com.br/colunistas, siga nas redes sociais: Facebook, Twitter, Instagram e veja nossos vídeos no Play Diário. Envie informações à Redação pelo WhatsApp (83) 99157-2802.
Deixe seu comentário