Cajazeiras e as eleições de 2016
Por José Antonio – No próximo 31 de dezembro de 2024 será o último dia da gestão do médico José Aldemir à frente dos destinos de Cajazeiras, eleito em 2016 e reeleito em 2020.
Em 13 de outubro de 2016 escrevi neste canto de página sobre estas eleições, que republico, por achar que devemos fazer uma reflexão sobre o futuro de nossa cidade. É um depoimento de como eu vi e vivi este processo eleitoral, os encantos e desencantos da campanha. Releia:
No dia 1º de janeiro de 2017 o município de Cajazeiras terá um novo prefeito, José Aldemir, cidadão com experiência na vida pública no campo legislativo, agora com um desafio diferente: administrar uma prefeitura. Toda nova administração vem carregada de esperanças.
Não sei até que ponto o novo gestor conhece o município que vai administrar e para onde a cidade deve crescer. Transparência e honestidade foram os principais pontos do seu plano de governo. Que outros itens mereceriam prioridades?
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Durante a campanha, como candidato a vice-prefeito derrotado, tive a oportunidade de entrar em centenas de lares, na zona urbana e rural, e conversar demoradamente com seus habitantes e nesta caminhada pude constatar que a miséria e a fome ainda campeiam em muitos destes lares, o que justificaria as oito mil famílias incluídas no programa federal “Bolsa Família”, que recebem mensalmente R$1.435.000,00. Segundo o programa estes recursos se destinam às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.
Sabia que havia miséria e fome, mas não na dimensão que eu vi. As mazelas sociais são mais profundas do que imaginamos ao constatarmos que dezenas de jovens mulheres, com caras e falas de crianças, já se tornarem mães de um, dois e três filhos, entre quatorze e dezessete anos. Com que objetivos? Todas elas afirmaram: “para receber o abono natalidade e poder ingressar no programa Bolsa Família”.
Que perspectiva de vida tem estas jovens mães de famílias? Dentre elas, a maioria, para cada filho, um pai diferente, também muito jovem e desempregado, semi-alfabetizado e na sua maioria viciado em drogas. Diante deste cenário vi o quanto eu era desinformado desta triste realidade e se antes faltaram assistência social e orientação sexual, agora o problema se agrava ainda mais: faltam creches e programas com dimensões sociais capazes de reduzir futuros homens e mulheres à margem da sociedade.
Vi lágrimas cobrindo a face de muitas mães, provocadas pelo sofrimento de ter filho e filhas atrás das grades de um presídio como traficante de drogas e ladrões. Vi famílias completamente desestruturadas, desamparadas e dilaceradas por ter em seu seio um filho dominado pelos traficantes. Foram cenas que calaram profundamente no íntimo de minha alma, inesquecíveis, marcadas a ferro e fogo.
Vi famílias morando num cubículo, sem banheiro sanitário, fazendo as suas necessidades em saco plástico e jogando fora num terreno baldio. Vi crianças brincando ao lado de esgotos a céu aberto e tendo que conviver com uma fedentina insuportável. O governo do estado tem uma obra de esgotamento sanitário para a Zona Norte que se arrasta há anos e não se tem idéia de quando será concluída.
Vi o quanto o desemprego fazem as famílias se tornarem indefesas, sofridas, angustiadas e terem que conviver com o corte de água e luz e com o aluguel atrasado e isto provoca um mau social incalculável na estrutura da família, porque os pais migram para o corte de cana, para catar laranjas e para grandes centros onde possam trabalhar como serventes da construção civil, deixando mulheres “viúvas” de maridos “vivos” e os filhos sem a figura paterna no seio da família.
Vi mães prisioneiras, prisioneiras de filhos, que desde o nascimento vivem num leito de uma cama, talvez por falta de uma gestação não acompanhada. Faltava brilho nos olhos, mas sobrava amor no coração de cada mãe.
Quando ouvi o futuro prefeito afirmar que teremos um grande carnaval e um Xamegão maior ainda, com recursos públicos (?) doeu-me a alma, mas com a esperança de que se ele fizesse uma caminhada pela periferia da cidade, com certeza mudaria de plano.
Mas a periferia não é só mazelas, sofrimentos e tristezas, nela constatei a existência de famílias vitoriosas, com filhos prodígios e geniais, sob o comando de casais felizes, que tratarei em outra oportunidade.
E que nunca nos falte a esperança de dias melhores.
Fica uma pergunta: o que mudou entre 2016 e 2024? E Cajazeiras, a partir de 2025, será administrada por um dos dois jovens candidatos: Corrinha ou Pablo. Que as esperanças se renovem.
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