Cajazeirados de ontem
Por Francisco Frassales Cartaxo
Não me refiro aos desbravadores que aqui aportaram, no começo do século XIX, quando Cajazeiras era apenas uma fazenda de gado, algodão e lavouras de subsistência, atraídos pelos dotes recebidos pelas filhas do sesmeiro Luiz Gomes de Albuquerque ou por familiares e amigos de Vital de Sousa Rolim I. Aqueles foram os pioneiros. Eu falo de “cajazeirados” que já encontraram o açude primitivo, a capela e o colégio e o arruado formador do núcleo urbano, chamado de “povoação”, depois de “villa”, sede do município, emancipado de Sousa em 1863.
Quero realçar quem veio integrar-se ao progresso de Cajazeiras, a partir do século XIX até os meados do século XX. Vieram do Ceará, seguindo as trilhas dos pioneiros, do vale do Jaguaribe e do Cariri ou do Rio Grande do Norte, da vizinhança e de lugares distantes. Gente que se tornou “cajazeirada”.
Lá atrás, procuravam aqui educar os filhos no colégio do padre Rolim. E se estabeleciam. Outros buscavam integrar-se a nosso crescimento e plantavam raízes na terra. Terra boa para plantar algodão, pasto para o gado, desenvolver o comércio. Assim chegaram, meninos ou adultos: André Rolim da Cunha, Higino Gonçalves Sobreira Rolim, Joaquim Gonçalves de Matos Rolim, João Bandeira de Melo, José Ferreira Guimarães, Bonifácio Moura, Juvêncio Carneiro, Claudino Dantas, Arsênio Herculado de Maria Araruna e tantos outros.
Há “cajazeirados” singulares. Ocupantes de cargos públicas relevantes, aqui fincaram raízes. O juiz Victor Jurema e o promotor público Ferreira Júnior são paradigmáticos. E os padres? A instalação da diocese, em 1915, reforçou o traço histórico. Depois veio o ciclo de progresso dos anos de 1920, proporcionado pela chegada da estrada de ferro, a implantação de usinas de beneficiamento de algodão, o comércio florescente. Durou décadas. Em momento posterior, figuras representativas foram os irmãos José e Tota Assis, os cearenses Francisco Matias Rolim e Raimundo Ferreira. Estes, tiveram impressionante sucesso nas lides comerciais e de prestação de serviços, e assumiram lideranças de clubes sociais e de serviços. Daí para a política foi um pulo. Chico Rolim com enorme sucesso. O inovador Raimundo Ferreira, nem tanto. Ainda hoje se fala no “forasteiro”. Explicação simplicista e falsa para as duas malogradas tentativas de ser prefeito de Cajazeiras, nos anos 60.
Neste século XXI, o polo universitário funciona como forte atrativo. Mas para virar “cajazeirado” é necessário, pelo menos, conhecer nossa história.
Presidente da Academia Cajazeirense de Artes e Letras
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