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Francisco Cartaxo

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Buchada da paz em Cajazeiras?

27/05/2024 às 16h36 • atualizado em 12/10/2024 às 18h18

Cidade de Cajazeiras.

Por Francisco Frassales Cartaxo – No tempo da eleição a bico de pena, José Cavalcanti de Lacerda, o coronel Zuza Lacerda, era dono de muitos terras, gente e gado, no Vale do Piancó. De sua fazenda, Curral Velho, ele mandava na redondeza que hoje compõe os municípios de Boa Ventura, Curral Velho e outros.

Ele formava milícias para caçar malfeitores, ladrões de gado, cangaceiros. Ferrenho perseguidor de bandidos, impunha respeitado naquele rústico meio, onde prevalecia o poder do rifle, do bacamarte e do punhal. Historiadores registram que o coronel Zuza foi fundamental para o extermínio dos Viriato, um temível grupo de facínoras, que atuava no Ceará e Paraíba, a partir de base física no atual município do Barro. A antiga vila de Santa Fé, em São José de Piranhas, esteve sempre em sua rota.

Com esse perfil, o coronel Zuza de Lacerda foi eleito deputado estadual para a quarta legislatura republicana (1900-1903), quando governava a Paraíba, o desembargador José Peregrino, ex-aluno do Padre Rolim. Coronel Zuza foi colega de doutor Bonifácio Moura, o representante de Cajazeiras na Assembleia estadual. Naquele período, houve forte divergência político-partidária entre as oligarquias de Álvaro Machado, que estava no poder, e a de Venâncio Neiva/Epitácio Pessoa. Estes fundaram o Partido Autonomista e concorreram ao governo e à Assembleia. O coronel Zuza armou centenas de homens para garantir a contestada posse de seu amigo José Peregrino.

Mas durou pouco seu prestígio.

Ora, um genro de Peregrino, o major Venceslau Lopes, também eleito deputado, instalou-se em Misericórdia e passou a disputar a posição de grande chefe na área de mando do coronel Zuza, que não gostou, é claro. Ressentido, desprestigiado, agiu como estava acostumado a fazer: armou seu “exército” e se preparou para derrubar o governador Peregrino. Marchou com a tropa até Patos. Ali, após muita conversa, desistiu de seu propósito e regressou a Curral Velho.

Mas ficou abalado. Ruminou, ruminou e, num rompante, reuniu amigos fieis e proclamou a independência de sua área de mando. Nasceu assim a “República da Estrela”, pretenso novo país, com ministério e tudo. Houve muita festa… e escaramuças. Pouco a pouco a ideia foi definhando e o velho caudilho continuou mais isolado ainda.

O governo chegava ao fim. O coronel Zuza decidiu então convidar o desafeto deputado major Venceslau para uma conversa. O genro de Peregrino não se fez de rogado. E foi comer a suculenta buchada da paz!

Em Cajazeiras a buchada é outra.

Sócio da Academia Cajazeirense de Artes e Letras


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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