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Mariana Moreira

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Bizarras cenas

10/02/2023 às 20h30

Recuperação de ruas em Cajazeiras (Foto da internet)

Por Mariana Moreira – A distância entre o interesse eleitoreiro, o uso obtuso dos recursos públicos, o desprezo pelo planejamento sensato e a incompetência administrativa produz dantescas cenas que se configuram como a mais visível e desprezível amostra da prática tradicional de privatização do público tendo como diretriz basilar os interesses pessoais e/ou de grupos e quadrilhas.

A primeira cena produzida por esse caldeirão de excrecências políticas se traduz nas abjetas emendas parlamentares. Independente de matriz ideológica e de filiação partidária, a expressiva maioria parlamentar faz desse instrumento decisiva moeda de barganha política, negociando apoio parlamentar em troca de liberação de recursos públicos para seus “redutos” eleitorais.

Redutos desenhados com a participação de inescrupulosos prefeitos que, distanciados da função constitucional de gestor dos interesses e demandas da população, traça suas diretrizes administrativas em outdoors e placas de obras com vultosas somas de recursos, minguados retornos para a população e fartas verbas destinadas a dar publicidade midiática aos seus feitos e dos seus “amigos” parlamentares.

O segundo ato desse dantesco espetáculo tem como cenário o período privilegiado para a liberação dos recursos das emendas parlamentares. Normalmente, às vésperas de eleições. Período em que a necessidade de conversão dos recursos públicos em improvisadas e irresponsáveis obras traçam a longínqua distância entre o interesse social, a necessidade do empreendimento e a precária utilização de planejamento para a definição de prioridades e necessidades.

Em Cajazeiras e vários outros municípios da região pululam essas cenas. A mais recente delas a liberação, nas derradeiras horas da última campanha eleitoral, de recursos advindos de emendas parlamentares destinadas a pavimentação asfáltica de ruas em várias cidades da região. Um investimento que, em nenhum momento, se situa na ordem de prioridade das necessidades da população, ainda expressivamente carente de equipamentos públicos de saúde, educação, infraestrutura de saneamento e abastecimento de água.

Em Cajazeiras essa situação produz bizarras realidades, para ser generosa. Um exemplo: a cidade tem um serviço de abastecimento de água bem antigo, com uma tubulação exausta pelo tempo de uso e pelo desgaste natural do lapso temporal e das exigências de ampliação do abastecimento para atender o crescimento da cidade.

Hoje, na cidade, é comum ver-se o asfalto recém implantado sendo estourado pelo rompimento de tubulações. Na sequência, enormes buracos são abertos para o conserto e, o que era asfalto se traduz em crateras que permanecerão até a próxima campanha eleitoral, com certeza!

E a pergunta insiste em exigir resposta: estaria no mesmo nível de prioridade o asfaltamento de ruas e a atualização da tubulação do sistema de abastecimento de água da cidade?


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

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