Biblioteca Castro Pinto e a ACAL
Corrijo hoje o engano cometido na crônica da semana passada, alertado que fui pelo professor José Antônio de Albuquerque. A criação da Biblioteca Castro Pinto não ocorreu na gestão do prefeito Antônio Quirino de Moura. Veio de mais longe. Do final do Estado Novo, com o decreto-lei nº 20, de 23 de janeiro de 1945, assinado pelo prefeito interino, Heronides da Silva Ramos. Ele criou, mas não implantou. Quem a instalou, em 1946, foi o prefeito Manoel Lacerda. O mérito de Quirino é elogiável. Deu vida nova à Biblioteca, um ambiente próprio, organizado e compatível com a importância cultural da cidade. E mais, numa parceria com Instituto Nacional do Livro, ele cuidou da ampliação do acervo de livros e revistas.
Pronto, fiz a necessária correção.
Heronides Ramos ocupou a chefia do executivo municipal, durante alguns meses, no período de transição da ditadura getulista à normalização democrática, que se completou em Cajazeiras com a eleição de Arsênio Rolim Araruna. Eleito pelo voto direto e secreto, já amparado na Constituição de 1946.
Naquele período houve inflação de prefeitos.
Desde a morte de Juvêncio Carneiro, em 2 de junho de 1944, até a posse de Arsênio Araruna, em 17 de novembro de 1947, passaram pela prefeitura de Cajazeiras, pelo menos seis prefeitos, como anota a professora – agora minha confreira na Academia Cajazeirense de Artes e Letras -, Irismar Gomes da Silva, no livro Os prefeitos de Cajazeiras, (2014). Ali estão listados: Heronides Ramos, Hildebrando Assis, Manoel Lacerda, Antônio de Sousa, José Rolim Guimarães e Cristiano Cartaxo. Dos sete, incluindo Arsênio Araruna, quatro foram escolhidos patronos da ACAL. Não pelo fato de terem ocupado a prefeitura, mas porque contribuíram de alguma forma para fortalecer a educação, as artes e as letras de Cajazeiras, como está evidente nas biografias que serão publicadas em livro, a ser lançado em agosto.
Por que tantos prefeitos em tempo tão curto?
O Brasil vivia uma fase de muita instabilidade política, transitando do regime instaurado com o golpe de 1937 à democracia liberal, na euforia do fim da Segunda Guerra Mundial, em clima de amplas liberdades e de participação popular na cena política nacional. No bojo dessas mudanças, aparecia em destaque a reorganização dos partidos políticos. Daí nasceram o Partido Social Democrático (PSD), a União Democrática Nacional (UDN), os dois maiores partidos daquele período histórico. Ora, os prefeitos, nessa época, eram nomeados pelos interventores estaduais, que se revezavam no poder, ao sabor dos instáveis arranjos partidários. E a troca de prefeitos acompanhava as acomodações das lideranças políticas estaduais no formato novo da vida institucional brasileira. Por isso, a inflação de prefeitos municipais.
Existem em Cajazeiras muitas bibliotecas. Decorrência da expansão extraordinária do ensino superior e médio neste século. A Biblioteca Castro Pinto tem sido tratada de forma diferente ao longo das gestões municipais. Houve e há reclamações de usuários. E elogios, também. Penso nisto, quando escuto suspiros de confrades e confreiras da Academia Cajazeirense de Artes e Letras, sonhando com uma biblioteca própria, em ambiente adequado à conservação do acervo de bens históricos e bibliográfico que a ACAL, certamente, conquistará. Um sonho que estamos sonhando juntos.
P S – Dia 12, à noite, sessão ordinária da ACAL no Espaço Zé do Norte.
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