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Francisco Cartaxo

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Bacanas brigam pelo amante

11/01/2015 às 20h04

Um homem se aproxima de um Mercedez Benz, estacionado numa academia de ginástica de Manaus, e dispara três tiros em Denise. A cena, captada por câmera de segurança no dia 12 de novembro, foi mostrada em telejornais e redes sociais. Às imagens seguiram-se informações prestadas pela polícia. A socialite Marcelaine Santos Schumann, 36 anos, foi presa esta semana por suspeita de encomendar o crime. A prisão ocorreu no Aeroporto de Manaus, quando ela voltava de Miami, aonde fora com o marido em 8 de dezembro, dez dias antes da decretação da prisão preventiva. No dia do crime, Marcelaine, casada com o dono de uma agência de publicidade, viajara para João Pessoa, sozinha, a fim de passar o seu aniversário com uma amiga, porém, segundo a polícia, para evitar suspeitas de envolvimento com a tentativa de homicídio. A vítima, estudante universitária, Denise Almeida da Silva, 35 anos, casada com um advogado, levou um tiro no pescoço, mas não morreu. 

As duas senhoras disputavam o calor de um mesmo homem. Calor tórrido, agressivo, voraz, como se pode imaginar. Este fato delituoso, ainda quente, em processo de investigação, me fez adiar uma crônica sobre o caso vivido por Leon Trotski e Frida Cahlo, no longínquo ano de 1940, com cenas de paixão e sexo, narradas com elegância pelo cubano Leonardo Padura, no romance O homem que amava os cachorros. Tem nada não, isso fica para depois. Hoje o mote é o embate amoroso entre homem e mulher do século vinte e um. 

Como homem do século vinte, eu fico estarrecido com o método usado para resolver disputa sexual, envolvendo duas jovens mulheres, casadas, da alta sociedade do Amazonas. Duas bacanas modernas, contemporâneas, viventes do século vinte e um, dessas que desfilam nas páginas frívolas de revistas e jornais, sempre com aquele sorriso, estudadamente, fotogênico, dentes à fresca, em exibição de riqueza, paz, amor e felicidade! Gente bacana é assim. Diante dos fatos resumidos acima, uma pergunta rebola em minha cuca, como cenas ruminadas em noites de insônia, a repetir-se feito cantiga de grilo. 

Disputar amante à bala é “moderno”? 

Quero dizer, disputar o mesmo homem, compartilhar momentos de delírios sexuais com molho e pimenta, rebolados, posições sensuais exóticas, à moda das experiências copiadas das “Travessuras da menina má”, imaginadas por Mario Vargas Llosa, em romance recente. Ou tentar imitar, quem sabe, a protagonista d’A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, uma idosa professora nas artes de pecar por luxúria até esgotar-lhe o estoque de pecados… Tudo isso talvez receba o carimbo de “moderno”, de coisas do século vinte e um! Será? Que nada, putaria assim é coisa do arco da velha! Existe desde antes da lenda da maçã, da cobra, da folha de parreira sobre as partes pudendas de Eva e Adão…  

E crime por encomenda é moderno? 

Nem perco meu tempo em responder. Mas afinal, quem era o homem tão disputado por duas mulheres casadas? O marido de Marcelaine? O companheiro de Denise? Nenhum dos dois. Segundo a polícia, o objeto do ciúme das duas bacanas manauaras é o amante! O amante das duas jovens, elegantes senhoras da alta sociedade de Manaus. Bom, isso talvez seja “moderno”… Mandar matar por pistoleiro de meia tigela, jamais.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Francisco Cartaxo

Francisco Cartaxo

Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

Contato: [email protected]

Francisco Cartaxo

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Francisco Sales Cartaxo Rolim (Frassales). Cajazeirense. Cronista. Escritor.
Trabalhou na Sudene e no BNB. Foi secretário do Planejamento da Paraíba,
secretário-adjunto da Fazenda de Pernambuco. Primeiro presidente da
Academia Cajazeirense de Artes e Letras. Membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano. Autor dos livros: Política nos Currais; Do
bico de pena à urna eletrônica; Guerra ao fanatismo: a diocese de Cajazeiras
no cerco ao padre Cícero; Morticínio eleitoral em Cajazeiras e outros
escritos.

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