Ausência de um grito
Por José Antonio – Esta semana um vigilante de um supermercado foi morto com um tiro de revolver por assaltantes. Um fato triste e lamentável que estarreceu e deixou inquieta toda a sociedade cajazeirense. Nos tempos áureos de Bosco Barreto, ele já teria ocupado os microfones das emissoras de Cajazeiras, bem como a tribuna da Casa de Epitácio Pessoa, em defesa de “meus irmãos e minhas irmãzinhas também”. Cajazeiras sente a ausência de uma voz firme em defesa de seus filhos, principalmente dos que morrem crivados de balas quando estão trabalhando para por comida na mesa da família. Qualquer resposta das autoridades seria inócua. Onde está a ronda noturna, a presença ostensiva da PM pelas ruas da cidade ou outras práticas de combate a criminalidade, principalmente nas áreas periféricas?
Mas o que fazem os vereadores e os deputados de nossa terra que silenciam diante de fatos desta natureza? Talvez estivessem buscando outras questões que tratassem de seus futuros políticos?
Mais da metade dos meus cabelos já estão brancos e com certeza já comecei a descer a ladeira da vida. Durante os muitos anos já vividos fui testemunha ocular também de muitos fatos violentos e políticos que sobressaltam a minha alma e os meus sentimentos.
Quando comecei, em 1972, a me envolver com a política partidária e já sendo eleito vereador e depois presidente da Câmara Municipal de Cajazeiras, pude presenciar a degradação do meio e a desilusão bateu muito cedo à minha porta. Terminado o mandato não mais concorri. Afirmava que não me envolveria mais em qualquer disputa, mas acabei sendo candidato a vice-prefeito, contra decisão da maioria absoluta da família. Fui derrotado.
Do ano de 1972, até os dias atuais vi muitas coisas acontecerem na história política e social da minha cidade.
Vi a Câmara sem uma sede para funcionar. Vi militares do exército ingressarem no recinto desta mesma Câmara e solicitarem os livros de atas para investigar quais os vereadores que estavam “lendo pela cartilha da Revolução de 1964”.
Vi uma reunião em Brejo das Freiras dos políticos de Cajazeiras com o governador Ernani Sátiro, onde foi combinado que seria Iemirton Braga o candidato a prefeito de Cajazeiras e ao chegar em frente do Hospital Infantil o pacto já havia sido desfeito. Quem foram os traidores?
Vi Bosco Barreto começar uma campanha política, como candidato a prefeito de Cajazeiras, com os pés numa chinela japonesa, desacreditado e sem voto, mas o povão quase o elege, tendo perdido por uma diferença de pouco mais de 200 votos, para Antonio Quirino de Moura, que substituiu Dr. Gineto de última hora. O que teria acontecido nos bastidores?
Tenho visto que a política partidária da minha Cajazeiras tem se alicerçado numa montanha de traições. Traições que acontecem antes, durante e depois das eleições. Perplexo, numa eleição com apenas 11 votos, vi uma festa ser cancelada, na casa daquele que já se considerava eleito presidente da Câmara Municipal de Cajazeiras, por ter sido traído de última hora.
Tenho visto, ao longo destes anos, polêmicas imorais que denigrem e desmoralizam a maioria dos homens públicos de minha terra.
Vi e fiquei sem voz, pálido e sem poder me locomover, diante de uma cena degradante quando um vereador comunicou a um militar que ia lhe dar um título de cidadão cajazeirense, tão somente porque de passagem por Cajazeiras, foi visitar o prefeito da cidade. O próprio militar ficou morto de vergonha.
Vi e continuo vendo cenas tão degradantes na história política de minha cidade, dignas de um velório de primeira, inclusive com direito a banda de música no cortejo, que sinalizam para um total e completo descrédito em muitos dos nossos agentes políticos.
Tenho visto e vivido momentos mais de tristezas do que de alegrias. Mas a indignação se torna maior, quando continuamos a aplaudir, soltar confetes, palmas e papel picado no picadeiro político de Cajazeiras.
Quem vai dar o grito derradeiro?
Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.
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