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Mariana Moreira

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As UPAs e meu voto

08/08/2014 às 19h00

Não tenho referenciais para aquilatar que as condições de funcionamento são as mesmas em todas as unidades espalhadas em diversas cidades do país. Mas, como a proposta que orientou a criação e implantação do serviço tem as mesmas diretrizes, pode-se presumir que, com as devidas singularidades que caracterizam cada situação, o atendimento prestado a população traz a marca da dignidade e a concepção de que os serviços básicos que o Estado deve oferecer a todos não podem, em nenhuma circunstância, representar ou expressar situação de humilhação, desespero. Sobretudo, em momentos em que as fronteiras da vida se ofuscam na ameaça da morte sinonimizada em doenças e desesperanças.

Utilizei os serviços apenas uma vez, recentemente, quando acompanhei um estudante do Campus da UFCG em Cajazeiras que apresentava um acentuado quadro de crise nervosa. O tempo entre a chegada a recepção e o atendimento médico não foi superior a cinco minutos. Prescrita a medicação, de imediato, o paciente foi para um ambiente adequado e, além dos cuidados de enfermagem, foi acompanhado por uma assistente social e pela própria direção da unidade de saúde que se colocou a disposição para ouvir queixas e reclamações sobre o atendimento e viabilizar possíveis soluções para as demandas. 

Como o estudante era de outra cidade da região, imediatamente foi feito o contato com seus familiares. Toda essa atenção e metodologia de relacionamento, segundo relatos transmitidos por outros pacientes que estavam recebendo atendimento naquele momento, eram comuns, se constituindo no ritual normal de vivência da unidade de saúde. Refiro-me as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) criadas pelo governo federal e que vem se mostrando numa interessante estratégia de prestação de serviços essenciais com agilidade, eficiência e respeito a dignidade e cidadania humanas.

È claro que essa situação não representa o modelo seguido por todos os serviços de saúde do sistema público de saúde em nosso país. As deficiências e falhas são graves, constantes e se expressam em filas infindáveis, longos intervalos para o atendimento, carência de profissionais especializados e, mais dramático, mortes em decorrência da falta de assistência médica. O salto político que o sistema único de saúde empreendeu nas políticas públicas de saúde é inquestionável Mas não podemos negligenciar ou desprezar os gravíssimos problemas que afetam a assistência de saúde prestada pelo Estado brasileiro. Principalmente, não podemos desconsiderar ou desprezar as tramas e tessituras políticas que atrelam a saúde da população a uma insistente tentativa do sistema econômico de converte-la em mercadoria vendida para quem pode por ela pagar, ou a sua conversão em moeda de barganha política de grupos dominantes que, a revelia da fragilidade e do desespero, trocam remédios, exames, leitos hospitalares, cirurgias por percentuais de votos que garantem suas eleições e a perpetuação de interesses privados contemplados pelas benesses públicas.

Ah, apenas como farolete aos desavisados colonizadores esclareço que a filosofia das UPAs fortalece minha convicção em votar na Dilma.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Mariana Moreira

Mariana Moreira

Professora Universitária e Jornalista

Contato: [email protected]

Mariana Moreira

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