As águas vão mesmo rolar?
Por Fernado Caldeira
Via de regra é assim: quando começam as chuvas nas suas cabeceiras, é quando, ciclicamente, acontecem as estiagens no semi-árido nordestino. De tal forma que, quando mais nossa região necessita de água, é quando mais água tem o Rio São Francisco.
Levando-se em conta ainda que vamos “utilizar” no máximo 3% da água que o velho Chico joga no mar, vê-se, com clareza, a viabilidade hídrica da chamada interligação de bacias do semi-árido nordestino com o rio São Francisco.
Mas afinal, como vamos utilizar esse aporte hídrico que nos será brevemente oferecido? Uns dizem que a transposição é para dar segurança hídrica a regiões densamente povoadas do semi-árido. Outros afirmam que esse ‘plus’ no oferecimento d´água servirá para desenvolver a agricultura irrigada.
Bem, penso que se nossos governantes não desenvolverem planos bem traçados para utilizá-la, essa água de pouco servirá. Vejam o caso de Cajazeiras, por exemplo. Maior cidade do Alto Sertão paraibano, com aproximadamente 60 mil habitantes, Cajazeiras nunca teve racionamento d´água. Por que? Porque temos reservas hídricas suficientes a nos garantir, pelo menos, cinco anos de água sem ocorrência de chuvas nesse período. Ou seja, a transposição do São Francisco em termos de segurança hídrica para Cajazeiras é meio sem sentido. Porque se temos segurança de cinco anos de abastecimento, não temos necessidade premente de mais água. Pelo menos não para beber!
Se, entretanto, projetarmos as águas da transposição para projetos de irrigação, necessário se faz a interligação de bacias dentro do nosso Estado. Sem isso, impossível imaginar a produção agrícola se desenvolvendo. Mas o fato é que, até agora, nenhum governante paraibano, repito, nenhum, moveu uma palha sequer para, por exemplo, ligar o açude de Boqueirão de Piranhas (Cajazeiras) ao açude São Gonçalo (Sousa) e este ao açude de Coremas (Coremas), e assim por diante. Desse jeito, as águas do velho Chico chegarão a Boqueirão e lá ficaram para a evaporação gerada pelos raios solares.
Nem mesmo o chamado Canal da Redenção, que transpõe águas do açude Coremas para as Várzeas de Sousa, e que está pronto faz anos, começou a gerar seus frutos. Por que? Porque as coisas na Paraíba andam a passos de tartaruga. Principalmente quando não servem para alavancar candidaturas, como é o caso.
Priorizar a otimização no aproveitamento das águas do rio São Francisco é fundamental para que tão esperada obra não se transforme num elefante branco que não serve a nada nem a ninguém.
Afinal de contas, água por água, Boqueirão, São Gonçalo, Coremas, Lagoa do Arroz, entre outros, têm a vontade, e ainda assim importamos quase tudo que consumimos na região.
Água é primordial. Mas saber utilizá-la é fundamental!
S O L T A S
*Em termos políticos o prefeito Léo Abreu inicia o ano com o desafio de ajudar a eleger seu pai, o médico Antônio Vituriano (PSC), pré-candidato a deputado estadual.
*Já em termos administrativos, o executivo cajazeirense inicia o ano bem melhor do que quando assumiu a edilidade. Os problemas mais emergentes foram solucionados, os salários estão sendo pagos em dia, e as realizações começam a aparecer.
*Nonato Bandeira era jornalista do “Sistema” e Ricardo Coutinho aliado de Maranhão, e por conseqüência do suplente Roberto Cavalcanti, quando o Correio da Paraíba batia sem dó em Cássio Cunha Lima. Hoje, com os interesses do “Sistema” mudados, Nonato Bandeira é tratado como um estranho e Ricardo é quem está na chibata. “A política é dinâmica”, já dizia Manoel Gaudêncio.
*Quando é que o governo da Paraíba vai concluir o presídio regional de Cajazeiras, desafogando as velhas, carcomidas e inumanas cadeias públicas do Alto Sertão? Perguntar não ofende!
*Quando o deputado Manoel Júnior afirma que Cássio Cunha Lima é inelegível em 2010 por conta de sua cassação pretérita, ele está interpretando a lei, reverberando a interpretação alheia ou torcendo para que isso seja verdade?
*Neste domingo (31) o entrevistado será o deputado estadual José Aldemir (DEM).
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