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Maria do Carmo

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Abordagens – A Teoria Piagetiana e a Influência do Fator Familiar na Aprendizagem

01/12/2014 às 17h37

RESUMO
Este artigo visa relatar a teoria de Piaget a qual considera o desenvolvimento da formação mental do ser humano através das linhas de pensamento: o organismo e o meio social enfocando este último ponto como análise da influênciafamiliar no desenvolvimento da capacidade de aprendizagem das crianças na idade escolar. Nesta pesquisa serão ressaltadas as condições econômica, cultural e física do ambiente familiar.  A pesquisa visa relatar o pensamento de Piaget sobre o desenvolvimento humano bem como a influência do meio familiar na aprendizagem das crianças. 

Palavras-chave: estrutura cognitiva, meio social, aquisição do conhecimento.

INTRODUÇÃO
Nascido na Suíça, Jean Piaget (1896 – 1980), dedicou – se aos estudos científicos relacionados com a natureza biológica, pesquisando sobre moluscos. Mais tarde investigando a relação entre organismo e meio, passa a estudar a natureza humana. Interessa-se pela inteligência humana que considera tão natural como qualquer outra estrutura orgânica, embora dependendo mais do meio, do que qualquer outra. O motivo está no fato de que a inteligência depende do próprio meio para sua construção e por meio das trocas entre organismo e o meio, que se dão através da ação.
Apesar de Piaget não ser pedagogo nem psicólogo e jamais formulou teorias de aprendizagem, seu objetivo maior é a busca do entendimento de como o conhecimento é construído, tornou-se epistemológico porque na verdade, existem propostas pedagógicas que utilizam as ideias de Piaget como diretrizes para uma metodologia de trabalho didático pedagógico no processo de ensino e de aprendizagem como um norte visando sanar a problemática existente no duplo ato.
A teoria do desenvolvimento humano defendida por Jean Piaget chamada de Epistemologia Genética caracteriza-seuma síntese das teorias: Apriorismo e Empirismo. A primeira defende que o conhecimento é inerente ao próprio sujeito, a segunda, o conhecimento provém totalmente do meio. Jean Piaget postula- se contra as duas linhas de pensamento e defende outro posicionamento. Para Piaget o conhecimento é gerado através da interação do sujeito com o seu meio, ou seja, o indivíduo adquire o conhecimento de acordo com as capacidades das estruturas cognitivas e também através das condições possibilitadas pelo meio em que o mesmo está inserido.
Na concepção piagetiana, para que aconteça a aprendizagem é necessária a consolidação das estruturas do pensamento através das passagens de estágios de acordo com a idade cronológica do ser humano. Este desenvolvimento ocorre de forma que as aquisições desteperíodo sejam incorporados nos períodos posteriores. Na sua teoria quatro elementos constituem o processo de desenvolvimento mental; a) maturação do sistema nervoso central, experiências física elógicos-matemático, transmissão social e equilibração das estruturas cognitivas. Estes elementos constituem estágios do desenvolvimento classificados em: a) período sensório-motor; b) Pré-operatório; c)operações concretas;d)operatório formal.
Estes estágios caracterizam a preparação dos processos mentais ocasionando a maturação, colaboradora para o desenvolvimento do conhecimento. Na sequência, do texto será apresentada uma análise sintética do pensamento de Piaget quando o mesmo ressalta dois pressupostos para o desenvolvimento do ser humano: a evolução dos processos cognitivos e o meio em que o mesmo vive.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         Serão apresentadas abordagens que fundamentam este último aspecto da teoria piagetiana no tocante ao meio ambiente quando será focalizado o fator familiar como primordial na formação conjunta do cidadão como também a sua influência no sucesso ou insucesso da aprendizagem na escola.

ANÁLISE TEÓRICA E O PARALELO COM A REALIDADE
O desenvolvimento humano na teoria de Piaget tem um caráter inovador visto que introduz uma “terceira visão” representada pela linha interacionista que constitui tentativa de integrar duas tendências teóricas que permeiam a psicologia em geral – o materialismo mecanicista e o idealismo, ou seja, a separação de forma estanque o físico e o psíquico.
O modelo piagetiano trouxe contribuições práticas importantes, no campo da educação, porém não era intenção de Piaget formular especificamente uma teoria de aprendizagem (La Taille, 1992; Rappport,1981; Furtado et al., 1999; Coll,1992; etc). As concepções do método de Piaget segundo Colle, Gilliénen (1987:30), tem como objetivo “compreender como o sujeito se constitui enquanto sujeito cognitivo elaborador de conhecimentos válidos”.Por outro lado,por se tratar de uma linha interacionista, a teoria piagetiana é caracterizada porpontos fundamentais  os quais contribuem para a educação. A seguir relatos teóricos que esclarecerão os principais vertentes que configuram a teoria de Piaget.
a)A visão interacionista de Piaget

Nesta realidade há uma situação de interdependência entre o homem e o objeto do conhecimento. A psicologia objetivista entende que todo conhecimento provém da experiência e a psicologia subjetivista entende que todo conhecimento é anterior à experiência, reconhecendo a primaziasujeito sobre o objeto. (Freitas,2000:63).
Para Piaget, tornou-se insuficiente estas linhas teóricas para explicar o processo evolutivo da filogenia humana. Insatisfeito com esta explicação, Piaget formula o conceito epigênese argumentando que “o conhecimento não procede nem de experiência única dos objetos nem de uma programação inata pré-formada no sujeito, mas de construção sucessivas com elaborações constantes de estruturas novas” (Piaget,1976, apud Freitas 2000:64).
Em outras palavras se entende que o conhecimento é resultante de fatoresinternos e fatores externos. O processo evolutivo da filogenia humana tem origem biológica, que é ativada pela ação e interação do organismo com o meio ambiente-físico e social que o rodeia (Coll, 1992;L Taile, 1992,2003;Freitas,2000;etc). 
A este processo de equilibração progressiva entre o organismo e o meio em que o indivíduo está inserido é denominado conforme a teoria piagetiana de autorregulação.Organizada pela psique socializada havendo uma relação de interdependência entre o sujeito e o abjeto

b)O processo de equilibração: organismo em busca do pensamento lógico

    A grande preocupação da teoria piagetiana é desvendar os mecanismos processuais do pensamento do homem desde o nascimento a idade adulta, portanto o elemento central da sua teoria é o “sujeito epistêmico”. Na concepção de Piaget a compreensão dos mecanismos de constituição do conhecimento equivale à compreensão dos mecanismos envolvidos na formação do pensamento lógico matemático.La Taille (1992:17),(…) “a lógica representa para Piaget a forma final do equilíbrio das ações.Ela é um sistema de operações, isto é, de ações que se formaram reversíveis e passiveis de serem composta entre si”.
Piaget defende que o conhecimento não está no sujeito-organismo, tampouco no objeto-meio, mas é decorrente das contínuas interações entre os dois. Implica dizer que o desenvolvimento da filogenia humana se dá através de um mecanismo auto-regulatório que tem como base: a) condições biológicas (inatas); b)a situação físico-social. Sendo que estes dois fundamentos funcionam ativamente através da ação e interação do organismo com o meio ambiente (Rappaport,op.cit).
Na ótica de Piaget o homem é possuidor de uma estrutura biológica que o possibilita desenvolver o estado mental, porém este desenvolvimento só acontecerá a partir da interação do sujeito com o objeto a conhecer.Entretanto, a relação com o objeto não constitui condição suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano. Para que este aconteça é necessário o desenvolvimento do raciocínio, pois a elaboração do pensamento lógico demanda um processo interno de reflexão, através desta colocação entende-se que Piaget focaliza a organização do processo interno para a organização da lógica.
O desenvolvimento humano entre organismo e lógica no modelo piagetiano além de considerar as relações interdependentes entre o sujeito e o objeto a conhecer envolve também outros mecanismos que englobam fatores que são fundamentais tais como:o processo de maturação do organismo, a experiência com objeto, a vivência social e sobretudo a equilibração do organismo ao meio.
A equilibração constitui elemento fundamental no pensamento piagetiano. Segundo Piaget a “equilibração”é o fundamento que explica todo processo de desenvolvimento humano. É um fenômeno de igual ocorrência para todos os indivíduos embora sofra variações de conteúdos culturais do meio em que o indivíduo está inserido. Nesta linha de pensamento Piaget considera dois elementos básicos que caracterizam o desenvolvimento humano os chamados: fatores variantes e invariantes.

?    Fatores variantes: são representados no modelo piagetiano como unidade básica que se transforma no processo da interação com o meio, visando à adaptação do indivíduo ao real que o circunda. Através desta ideia conclui-se que a teoria piagetiana defende que a inteligência não é herdada, mas é construída no processo interativo entre o homem e o meio ambiente físico e social no qual ele interage.

?    Fatores invariantes: Piaget postula que o indivíduo quando nasce trás a herança das estruturas biológicas – sensoriais e neurológicas que são constantes na vida do ser humano. São estas estruturas biológicas que predispõem o surgimento de certas estruturas mentais. Com base neste disposto a linha piagetiana considera que o indivíduo tem duas situações inatas: a tendência à organização e à adaptação diante disto conclui-se que o “motor” do comportamento do homem é inerente ao ser.
Para Piaget o “equilíbrio é o norte que o organismo almeja, mas que paradoxalmente nunca alcança (LaTaille, op. cit) haja vista que no processo de interação pode acontecer desajuste no meio ambiente que rompem com o estado de equilíbrio do organismo, acontecendo esforços para que a adaptação se estabeleça.Nesta busca do organismo para as novas adaptações envolve dois mecanismos indissociáveis e que se completam: a assimilaçãoe  acomodação.
?    aassimilação – tentativa do indivíduo de solucionar uma determinada situação a partir da estrutura cognitiva que o mesmo possui no momento de sua existência. Isto é caracterizado por um processo contínuo de interpretação da realidade que o rodeia, consequentemente tendo que se adaptar á mesma.O processo de assimilação representa uma tentativa de integração dos aspectos experienciais aos esquemas previamente estruturados. Ao entrar em contato com o objeto do conhecimento o indivíduo busca retirar dela as informações que lhe interessam deixando outras que não são mais importantes (LaTaille, vídeo), visando sempre restabelecer a equilibração do organismo;

?    a acomodação – consiste na modificação da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento, “o momento da ação do objeto sobre o sujeito-objeto. Conclui-se que a toda experiência assimilada a uma estrutura da ideia já existente (esquemas) podem provocar uma transformação nestes (esquemas) gerando um processo de acomodação(Rapapport 1981: 56).
Os processos de acomodação e assimilação são complementares e presente durante toda vida do indivíduo os quais permitem um estado de adaptação intelectual. Partindo desta ideia reforça-se cada vez mais o processo de equilibração que Piaget defende sobre a evolução biológica e das construções cognitivas da espécie humana.
O processo de equilibração é considerado como um mecanismo de organização das estruturas cognitivas conduz o indivíduo à construção de uma forma de adaptação à realidade ”o objeto nunca se deixa compreender totalmente”(Taille,op.cit.). Aequilibração constitui algo móvel e dinâmico na medida em que a constituição do conhecimento coloca o indivíduo frente a conflitos cognitivos constantes que manifestam o organismo a resolvê-los.
Em suma, a formação do pensamento lógico do indivíduo é resultante do contato deste indivíduo com o mundo no qual o conhecimento é adquirido resultando um processo de construção da relação sujeito-objeto, é nesta interação que a linha piagetiana defende o desenvolvimento humano. Adianta-se ainda que as experiências apresentam graus diferentes ao processo de assimilação a acomodação: o mundo das ideias da cognição, é um mundo inferencial.
O desenvolvimento desteprocesso só avançará se o ambiente provocar condições para as transformações cognitivas, ou seja, o conflito cognitivo esforço do indivíduo para superá-lo a fim de que o equilíbrio do organismo seja restabelecido.
Estas transformações serão realizadas através da forma como o indivíduo vai elaborar e assimilar suas interações com o meio visando a equilibração do organismo possibilitando através dos níveis de desenvolvimento cognitivo que o organismo apresenta nos estágio da vida. Para Piaget os modos de relacionamentos são divididos em quatro períodos sendo denominados de estágios do desenvolvimento humano.Estesestágiossão caracterizados”por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor” no decorrer da faixa etária ao longo do processo de desenvolvimento(Furtado,op. cit).
Cada fase é caracterizada por formas diferentes de organização mental que possibilitam as diferentes maneiras do indivíduo relacionar-se com a realidade que o rodeia (Coll e Gillèron, 1987).Todos os indivíduos vivenciam estas quatro fases na mesma sequência, o início e o término de cada uma varia de acordo com as estruturas biológicas de cada indivíduo e dos estímulos proporcionados pelo meio ambiente no qual o mesmo está inserido,”a divisão  nessas faixas etárias é uma referência e não uma norma rígida”,conforme Furtado(op .cit) A seguir aborda-se a descrição detalhada da cada período.
?    Período sensório-motor (0 a 2 anos de idade): segundo La Taille (2003), Piaget usa a expressão“do caos ao cosmo”.De acordo com a tese piagetianaa criança nasce em um universo para ela caótico (que desaparece uma vez fora do campo da percepção).No recém-nascido as funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexivos inatos. O universo que circunda a criança é conquistado através da percepção e dos movimentos, por exemplo: (a sucção, o movimento dos olhos) A criança vai aperfeiçoando tais movimentos e reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final do período sensório-motor.Neste espaço a criança já se concebe dentro de um cosmo”com objetos, tempo, espaço, causalidade objetivados e solidários entre o quais situa-se mesmo como um objeto específico, agente e paciente dos eventos que nele ocorrem”(id bid).

?    Período pré-operatório – (2 a 7 anos):para Piageto traço dominante da passagem do período anterior para este é o aparecimento da função simbólica ou semiótica.O aparecimento da linguagem, embora nesta concepção a inteligência é anterior à linguagem,”não se pode atribuir à linguagem a origem da lógica que constitui o núcleo do pensamento racional”(Coll e Gillnen,op.cit).Na linha piagetiana a linguagem é considerada como uma condição necessária mas não suficiente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de  reorganização cognitiva que não é obtido pela linguagem. Conforme alerta La Taille (1992)o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteligência. Entretanto as pesquisas psicogenéticas(La Taille,op.cit.;Furtado,op. cit, et) a emergência da linguagem acarreta modificações importantes nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança possibilitando as interações e fornece a capacidade de trabalhar com representações fim de atribuir significados à realidade.Com base nesta afirmação entende-se que a aceleração do alcance do pensamento neste estágio do desenvolvimento é atribuída as possibilidades de contatos  interindividuais fornecidos pela linguagem.

?    Período das operações concretas – (7 a 12 anos): neste período o egocentrismo intelectual e social da fase anterior dá lugar à capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar pontos de vistas diferentes (próprios e de outrem) e de integrá-los de modo lógico e coerente (Rappaport, op. cit) Neste estágio aparece a capacidade da criança de interiorizar operações mentalmente e não mais através das ações físicas típica da inteligência sensório – motor.

?    Período das operações formais – (12 anos em diante):nesta fase a criança vai ampliando as capacidades conquistadas anteriormente, já consegue raciocinar sobre hipóteses à medida que a mesmaé capaz de formar esquemas conceituais concretos e através dele executar as operações mentais dentro do princípio da lógica formal. Conforme aponta Rappaport (op.cit.:74) a criança adquire “capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios valores adquirindo, portanto autonomia”.De acordo com a tese piagetiana, nesta fase o indivíduo adquire a sua forma final de equilíbrio alcança o padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta.
Entretanto não significa que ocorra uma estagnação das funções cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência. Esclarece Rappaport (op.cit.63)“esta será a forma predominante de raciocínio utilizada pelo adulto.Seu desenvolvimento posterior consistirá numa aplicação de conhecimento tanto em extensão como em profundidade,mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental”.
Outro aspecto da teoria de Piaget diz respeito ao desenvolvimento da moral que ocorre por etapas de acordo com os estágios do desenvolvimento humano. Para Piaget(1977 apud L Taille 1992:21) “toda moral consistenum sistema de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras. Isto implica no entendimento de Piaget que nos jogos coletivos as relações interindividuais são regidas por normas mesmo herdadas culturalmente que devem ser respeitadas. Piaget defende três fases do desenvolvimento da moral.
a)anomia: (criança até 5 anos) as regras morais não são seguidas, nesta fase o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações bem X mal e sim, pelo sentido  de hábito e dever;
b)heteronomia: (criança até 10 anos) a moral é igual à autoridade, as regras não correspondem a um acordo mútuo, mas como algo imposto pela tradição imutável;
c)autonomia: último estágio do desenvolvimento da moral, onde há a legitimação das regras e acriança entende a moral pela reciprocidade, o respeito às regras que é entendido como acordos mútuos.
Para Piaget a própria moral pressupõe a inteligência, uma vez que as relações entre moral e inteligência têm a mesma lógica das relações inteligência e linguagem. Embora a inteligência seja uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento da moral. A mentalidade deve ser pensada o racional com três dimensões: a)regras: formulações verbais escritas explícitas (os dez mandamentos); b) princípios:representam o espírito das regras (amai-vos uns aos outros); c)valores: que dão resposta aos deveres e aos sentidos da vida permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.Portanto uma das peculiaridades do modelo piagetiano consiste em que o papel das relações interindividuais no processo evolutivo do homem é focalizado sob a perspectiva da ética (La Taille, 1992) Em outraspalavras, o desenvolvimento cognitivo é fundamental para o exercício da  cooperação agregado a uma postura ética a fim de estabelecer o respeito nas relações entre os indivíduos.
  FATORES QUE INTERFEREM NA APRENDIZAGEM
Entendendo que Piaget na sua teoria enfatiza o meiocomosituação fundamental que interfere no processo de desenvolvimento humano, no tocante a                  aprendizagem, o espaço familiar oferece ao indivíduo suas primeiras experiências. Quando este espaço apresenta algum desequilíbrioé refletido no comportamento do indivíduo nos aspectos diversos, a seguir caracterização de famílias que apresentam problemática interferindo assim na aprendizagem das crianças nas quais as mesmas se inserem.
?    Famílias de baixo poder aquisitivo e de pouca formação cultural
Partindo do entendimento das duas linhas da teoria de Piaget podemos fazer a seguinte relação.O desenvolvimento cognitivo de uma criança depende das condições ambientais, uma vez que o fator ambiental influi de forma positiva para que a mesma seja bem sucedida na assimilação das informações podendo interferir de formaconstrutiva ou não, no processo de aquisição do conhecimento.Em observações realizadas sobre osresultados da aprendizagemde crianças oriundas de lares pobres, Montoya afirma ter percebido desde os primeiros contatos na escola que  “as crianças faveladas sabiam lidar com a natureza  e com as exigências imediatas do meio físico e social dado que, neste sentido existia uma intensa solicitação(p.3).Mas, se perguntar: se estas crianças sabem falar e representa as coisas, se respeitam em suas experiências as regularidades do real, por que fracassam na escola? Contextualizando esta realidade entende-se que as solicitações do meio centram-se em condições de sobrevivência (fundamenta que é  como o autor designa as condições na favela) exigindo o grande questionamento que“se não saber fazer” é por que não é acompanhado de compreensão do que é feito, no meio próximo destas crianças não existe condição para a solicitação da troca simbólica.
Neste aspecto o marco da teoria piagetiana quando enfoca a relação do indivíduo com o meio e a sua colaboração na aprendizagem uma reflexão é projetada com base na realidadepobreza das mesmas. “As crianças carentes neste mundo de sobrevivência não terão como desenvolver uma verdadeira inteligência prática, assim como uma adaptação necessária e suficiente às regularidades impostaspelo meiosocial e físico.  Será que o meio social de sobrevivência dificulta precisamente a conceptualização de experiências e adaptação prática, causa principal do seu insucesso escolar?”(p,12-13)
Com base nesta colocação se entendem que as influências do ambiente familiar no tocante à linguagem utilizada entre os integrantes da família colaboram para que o desenvolvimento da capacidade cognitiva se torne lenta uma vezque o ambiente em que a criança está inserida não colabora para a assimilação de experiências que tornem seu raciocínio mais ágil, acontecendo assim uma acomodação de experiências que se estagnam sem perspectiva de progresso, situação esta resultante da  carência do ambiente que não colaborou para o desenvolvimento de reformulações do conhecimento destas crianças. Exemplificando: se uma criança não convive com pessoas que utilizam uma linguagem evoluída e erudita logicamente esta criança não vai ter facilidade para aprender e falar utilizando este tipo de linguagem, pois não dispõe desta experiência no seumeio. 
Montoya referenda duas afirmativas complementares presentes na teoria da carência:a)falta de contato com a linguagem erudita leva às deficiências cognitivas presentes entre estas pessoas; b) a linguagem é variável independente e o desenvolvimento cognitivo a variável dependente do processo evolutivo da capacidade de conhecer.Para ele “a linguagem como produto social não estrutura diretamente o pensamento.Ela atua como meio de comunicação(…) que intervém como condição necessária, mas não suficiente da tomada de consciência das contradições do sujeito”(p.46-47).Isto quer dizer que a linguagem é o resultado das experiências adquiridas através do meio sendo assim, a mesmafunciona de acordo com a vivência dos indivíduos. 
Com base nesta colocação se entende em parte que a falta de contato com a linguagem erudita afeta o desenvolvimento da capacidade cognitiva, pelo fato de que os aspectos cognitivos podem se desenvolver melhor quando se tem uma resposta do meio externo que se associam resultando uma nova resposta.Mesmo considerando os estágios de desenvolvimento pelo qual todos os seres humanos vivenciam no processo de evolução defendido na teoria de Piaget, se o meio ambiente não oferecer condições de interação evoluída nos aspecto do conhecimento torna-se inviável umaaprendizagem satisfatória.Evidentemente que uma criança originária do ambiente de pobreza não é um deficiente embora na realidade em que vive pode apresentar dificuldades de aprendizagem agravantes uma vez que a escola apresenta outros conceitos que para ela é estranho tornando difícil assimilar e acomodar estas novas concepções É por isto que muitas das vezes acontecemas dificuldades de aprendizagem, quando se tem experiência de algo torna-se mais fácil aprofundar os conhecimento sobre o mesmo isto é resultante da interação entre o indivíduo e o meio.
?    A estrutura física do meio ambiente e relacionamento afetivo
De acordo com Dockrell&Mcshany (2000), o meio ambiente pode ser em alguns casos, o fator principal do problema de aprendizagem de uma criança. Portanto para uma criança adquirir habilidades que ainda não possuem entende-se que o meio(situação física, os relacionamentos da criança e os outros constituintes desta família) são elementos que podem influenciar na aquisição do conhecimento. Muñoz, Fresneda,Mendonza,Carballo&Pertum(2005) descrevem fatores familiares contribuintes para as dificuldades de aprendizagem, entre eles o alcoolismo, as carências afetivas prolongadas, as enfermidades, a violência doméstica e até mesmo o falecimento dos pais.Existem também os fatores sócio econômico descritos pelos autores (Muñozet al,2005) os quais os pais participam sem poderem modificá-los: as más condições de moradia, a falta de espaço, de luz, de higiene, a má alimentação. Isto afeta no desenvolvimento infantil e consequentemente o sistema cognitivo passa a ser de certa forma prejudicado e aprendizagem comprometida .
Sampaio, De Sousa & Costa (2004) acreditam é relevante realizar um treinamento de pais a fim de que eles possam auxiliar os filhos na realização das tarefas de casa. Para tanto deve existir as condições dos envolvidos são constituídas de ambientes organizados, bem iluminados, horário fixo de estudo, material completo e atraente.Em vista desta sugestão mais uma vez comprova-se a influência do meio defendido por Piaget. E deve se ressaltar que a influência familiar exerce papel fundamental na evolução e aprimoramento do ato de aprender e apreender o conhecimento. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O texto delineou como se caracteriza o desenvolvimento humano através da teoria piagetiana, assegura que através dos mecanismos mentais de assimilação e acomodação o indivíduo encontra o equilíbrio para pensar e formar conceitos diante das situações ou conseguir readaptar conceitos formulados anteriormente a novas concepções. Piaget também ressalta na sua teoria os estágios que o ser humano passa por etapas de amadurecimento das estruturas mentais cognitivas as quais exercem função importantíssima no processo do desenvolvimento mental que influenciam na formação do indivíduo.
 O ideal piagetianodefende que evolução humana não depende somente do processo de maturação do organismo isto não torna suficiente para que o indivíduoesteja pronto para agir no mundo. O meio social constitui outro fator de grande influência neste desenvolvimento, o fato é que a teoria de Piaget é fundamentada em duas linhas considerando o organismo e o meio social,ambos inerentes a o outro exercendo papel relevante na constituição das capacidades do indivíduo atuar no seu universo.
 Quanto se trata do meio, no processo de formação do individuo, se entende que mesmo as estruturas mentais estando preparadas e funcionando normalmente as influências deste meio poderão contribuir positivamente ou não no desenvolvimento do indivíduo. Exemplificando: uma criança que nasceu normal,passou por todos os estágios de desenvolvimento humano, mas mesmo neste período; digamos que no último estágio exatamente no desenvolvimento do raciocínio esta criança começa a receber informações oriundas do meio familiar que transforma a mesma em um adulto desequilibrado chegando a apresentar comportamentos de debilidade mental, o que na verdade não é, porém as influências do meio colaboraram para que esta pessoa ficasse assim.
Quando se fala meio social, duas realidades são analisadas neste trabalho: a aprendizagem e a família. Com os avanços do conhecimento da pedagogia observa-se que em parte, as dificuldades de aprendizagem dos alunos são decorrentes da realidade familiar. Neste sentido, percebe-¬se que nas famílias de baixa renda e de pouca formação culturalapresentam um grande número de alunos com déficit de aprendizagem. Quando se trata da situação econômica fica claro que a má alimentação, as condições de ambiente desconfortáveis e inapropriadas prejudicam o desenvolvimento do raciocínio.Por outro lado, se os pais não têm uma boa formação familiar não sabem instruir seus filhos, o que se constata na realidade, são crianças desorientadas sem limites ou frustradas devido forma violenta como os pais encaram certos comportamentos ou atitudes das mesmas. 
Diante desta problemática exposta se conclui que o pensamento de Piaget quando considera também o meio como fator inerente ao desenvolvimento humano faz sentido, e isto se observa claramente no campo educacional no qual se configura este pensamento através do comportamento das crianças no tocante às dificuldades de aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FREITAS, M. T. A. de Vygotsky e Baktin: Psicologia e Educação: um intertexto. São Paulo: Editora Ática, 2000.
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PIAGET, J. Seis estudos de psicologia.Editora forense.
RAPPAPORT, C. R.Modelo Piagetiano. In RAPPAPORT; FIORI; DAVIS.  Teorias do Desenvolvimento: conceitos fundamentais – vol. 1. EPU,?:. 1981.p. 51-75.
SAMPAIO, A. C. P.; DE SOUZA, S. P.; COSTA, C. E. Treinamento de mãe no auxilio à execução da tarefa de casa. In: orgs. Brandão, m. z. s. Conte, F. S.; Brandão, F. S. In Ingberman Y. K., Silva, U. L. M.; Olliani, S. M. Sobre comportamento e cognição: Contribuição para a teoria do comportamento, vol. 14. Santo André: Esetec Editores Associados, 2004.

Cajazeiras em 24 de novembro de 2014


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Maria do Carmo

Maria do Carmo

Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

Contato: [email protected]

Maria do Carmo

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Professora da Rede Estadual de Ensino em Cajazeiras. Licenciatura em Letras pela UFCG CAMPUS Cajazeiras e pós-graduação em psicopedagogia pela FIP.

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