A sofisticação do crime organizado
Por Alexandre Costa – Quem diria que uma simples investigação rotineira por tráfico de drogas da Polícia Civil na Grande São Paulo iria desvendar um dos mais audaciosos e bem engendrado plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) que criou um banco virtual que chegou a movimentar R$ 8 bilhões de reais em operações da facção criminosa para corromper políticos financiando suas campanhas eleitorais no pleito municipal deste ano.
Com 31 anos no “mercado” o PCC, a maior fação criminosa dos pais, se reinventou adotando estratégias empresariais avançadas que deixa no chinelo, grandes conglomerados econômicos do país. A inovação não parou no “Banco Virtual do Crime”, que operava com corretores de criptomoedas, criou também um “Censo” para quinzenalmente mapear todo o país quantificando todos os seus membros e siglas rivais, informações cruciais para distribuir recursos e projetar sua expansão.
Hoje, o PCC conta com mais de 40 mil membros [irmãos] e 60 mil parceiros [companheiros] uma mega estrutura empresarial atuando em todos os ramos da atividade econômica que vai do setor de construção e incorporação imobiliária, postos de combustíveis, lojas, hotéis e até uma rede com mais de 60 clinicas odontológicas que se fosse uma empresa formal figuraria no ranking como o terceiro maior empregador do Brasil. Um gigantesco conglomerado criminoso que fatura cerca de R$ 4 bilhões por ano somente com a exportação de cocaína pura a Europa.
Enquanto o crime organizado avança em largas braçadas se consolidando em um Estado paralelo sufocando o Estado de Direito exibindo provas de vitalidade e competência, inova novamente, atuando com seus tentáculos se infiltrando nas entranhas do Estado, estabelecendo uma perigosíssima conexão com a política, apresentando ou financiando candidatos a cargos eletivos, impedindo campanha ou eliminando adversários em seus territórios e agora entra na disputa de concessões dos serviços públicos que vão do transporte coletivo, a coleta de lixo e áreas de assistência social e saúde, algo parecido com o Modus Operandi das organizações mafiosas da Itália.
Acredito que o Estado de Direito já perdeu essa guerra para o crime organizado que atua como um Estado dentro do Estado consolidando o chamado o poder paralelo que domina territórios impõe regras de conduta e tem suas próprias leis que estabelecem julgamentos sumários pelo chamado “Tribunais do Crime”.
Pode parecer um paradoxo, mas o Poder Paralelo no Brasil funciona, isso é fato. Por todo país, políticos em campanha tem que pedir uma humilhante autorização para entrar em territórios dominados por facções criminosas. Recentemente o PCC “embargou” a obra municipal de drenagem do córrego de Paraisópolis, em São Paulo, expulsando os funcionários da construtora além de ordenar a ocupação de terrenos que margeiam o córrego.
Estamos diante de um Estado carcomido, ausente da sua função de garantir direitos e bem-estar para toda sociedade, que nos tornou refém do crime organizado.
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