A segunda morte de padre Rolim

Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira – Meus caros cidadãos que tem a enorme paciência de lerem o que eu escrevo. Eu tive o enorme privilégio de ter me criado, desde a mais terma infância numa Praça que se chamava Monsenhor Constantino Vieira e que hoje leva o nome de meu avô paterno, Major Galdino Pires. Atravessando a hoje denominada alameda Sabino Rolim Guimarães, eu chegava mesmo na infância aos pés de um busto do Padre Inácio de Souza Rolim. E em baixo, ainda há, as inscrições que aprendi desde os tempos de infância: “HOMENAGEM DO POVO DE CAJAZEIRAS AO PADRE INÁCIO DE SOUZA ROLIM, SEU FUNDADOR”. Mais em baixo, lia-se, se é que não já retiraram essa inscrição, pois nosso povo tem um desprezo impressionante pela sua história: ela dizia mais ou menos assim: “por sobre as venerandas cinzas de Mãe Aninha, nosso povo presta uma homenagem ao Padre Inácio de Souza Rolim em frente ao colégio pioneiro por ele fundado…” e o restante não me vem à memória, posto que não estou “na minha praça” no momento. Então numa mensagem em um grupo da nossa Academia tenho a notícia de que essas assertivas contidas nesse busto são falsas. E corroboradas por outros membros dessa mesma academia em que tenho o orgulho de pertencer.
Então, como membro menor dessa Academia vou, respeitando as opiniões dos outros membros muito mais abalizados do que eu, expressar minha modesta e possivelmente equivocada opinião. Vital de Souza Rolim e Ana de Albuquerque Rolim, ergueram uma casa histórica, que deveria ter sido preservada, próximo ao que hoje conhecemos como o Açude Grande, e tiveram seus filhos e filhas, dos quais eu descendo de três deles. E conseguiram, juntamente com seus filhos e outros, conseguiram construir um pequeno açude para que com a água retida tivessem bebida e vazantes para colher nos períodos de estiagem. Em nada parecido com um local urbano, era uma fazenda como outras existentes na região. Um dos filhos do casal, Inácio, veio, com a ajuda de seu avô, Luiz Gome de Albuquerque. E segundo fontes não tão confiáveis, de Bárbara de Alencar, conseguiu em 1825 se ordenar sacerdote no seminário de Olinda. E apesar dos muitos cargos a ele oferecidos por causa de sua inteligência e sabedoria, ele decidiu que voltaria para sua terra para ensinar a seus conterrâneos que ele considerava mais carentes das luzes do saber do que permanecer em Pernambuco. Fundou uma escola no lugar que hoje conhecemos como o Sítio Serragem, e posteriormente para o local onde se situa o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em frente à praça já mencionada. E conseguiu a licença para o funcionamento desse colégio antes mesmo da concedida ao Liceu Paraibano. Então foi o primeiro colégio do que conhecemos como de ensino médio no nosso estado e região. Com a fama dessa instituição sendo espalhada, vieram muitos estudantes de outras cidades para morar em nosso sítio das Cajazeiras, e algumas de suas famílias então, por causa do colégio, essa fazenda foi tomando forma de uma vila, que posteriormente veio a se tornar nossa cidade. Então fica a minha opinião teimosa: o Padre Rolin foi o maior responsável pela formação da nossa cidade de Cajazeiras. Pensar de oura forma, é diminuir sua obra, seria, comparativamente, afirmar que Juazeiro foi fundado pelo sujeito que edificou a capela ao lado do engenho em que Padre Cícero (que foi aluno de Padre Rolim e tinha muito respeito por ele) foi lá rezar uma missa e lá ficou. O nosso Padre Mestre ainda foi responsável pela formação de muitos bacharéis e do primeiro cardeal das américas, o Cardeal Arcoverde, que saiu de Cajazeiras direto para Roma. D Pedro II, o mais iluminado homem que já governou nosso país na minha a modesta opinião, o chamava de “o Anchieta do Norte”. São fatos insofismáveis. Nega-lo o título de fundador de Cajazeiras é a minha opinião um sacrilégio com um sentido de tentar diminuir o maior vulto que nossa cidade já produziu.
Sem o Padre Rolim, seu sacrifício, e sua obra pedagógica, Cajazeiras, com a conhecemos não existiria, ele fez a diferença, e ele merece ter o os louros de ser o fundador de nossa cidade.
Dessa opinião eu não abro mão de forma alguma, mesmo que me apresentem as maiores e irrefutáveis provas. Nosso Padre Mestre devia ser elevado aos altares, não à lata de lixo da História como eu acho que querem alguns, que respeito suas opiniões, mas absolutamente não comungo com elas.
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Recentemente eu li uma matéria em que um jornalista brasileiro perguntava a um membro da Academia sueca o porquê de nunca o Brasil ter sido agraciado com um prêmio Nobel. O acadêmico respondeu: nem vai ser; é que os brasileiros odeiam seus heróis. Noutro contexto, houveram críticas absolutamente descabidas quando o um filme brasileiro ganhou o seu primeiro Oscar. Pessoas daqui revoltadas com o fato de o cinema brasileiro ter sido finalmente reconhecido internacionalmente. Se faz aqui, algo semelhante com nossa figura maior. Lastimável.
Cajazeiras, 25 de março de 2025.
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