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Saulo Péricles

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A segunda morte de padre Rolim

27/03/2025 às 10h29

Padre Rolim

Por: Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira – Meus caros cidadãos que tem a enorme paciência de lerem o que eu escrevo. Eu tive o enorme privilégio de ter me criado, desde a mais terma infância numa Praça que se chamava Monsenhor Constantino Vieira e que hoje leva o nome de meu avô paterno, Major Galdino Pires. Atravessando a hoje denominada alameda Sabino Rolim Guimarães, eu chegava mesmo na infância aos pés de um busto do Padre Inácio de Souza Rolim. E em baixo, ainda há, as inscrições que aprendi desde os tempos de infância: “HOMENAGEM DO POVO DE CAJAZEIRAS AO PADRE INÁCIO DE SOUZA ROLIM, SEU FUNDADOR”. Mais em baixo, lia-se, se é que não já retiraram essa inscrição, pois nosso povo tem um desprezo impressionante pela sua história: ela dizia mais ou menos assim: “por sobre as venerandas cinzas de Mãe Aninha, nosso povo presta uma homenagem ao Padre Inácio de Souza Rolim em frente ao colégio pioneiro por ele fundado…” e o restante não me vem à memória, posto que não estou “na minha praça” no momento. Então numa mensagem em um grupo da nossa Academia tenho a notícia de que essas assertivas contidas nesse busto são falsas. E corroboradas por outros membros dessa mesma academia em que tenho o orgulho de pertencer.

Então, como membro menor dessa Academia vou, respeitando as opiniões dos outros membros muito mais abalizados do que eu, expressar minha modesta e possivelmente equivocada opinião. Vital de Souza Rolim e Ana de Albuquerque Rolim, ergueram uma casa histórica, que deveria ter sido preservada, próximo ao que hoje conhecemos como o Açude Grande, e tiveram seus filhos e filhas, dos quais eu descendo de três deles. E conseguiram, juntamente com seus filhos e outros, conseguiram construir um pequeno açude para que com a água retida tivessem bebida e vazantes para colher nos períodos de estiagem. Em nada parecido com um local urbano, era uma fazenda como outras existentes na região. Um dos filhos do casal, Inácio, veio, com a ajuda de seu avô, Luiz Gome de Albuquerque. E segundo fontes não tão confiáveis, de Bárbara de Alencar, conseguiu em 1825 se ordenar sacerdote no seminário de Olinda. E apesar dos muitos cargos a ele oferecidos por causa de sua inteligência e sabedoria, ele decidiu que voltaria para sua terra para ensinar a seus conterrâneos que ele considerava mais carentes das luzes do saber do que permanecer em Pernambuco. Fundou uma escola no lugar que hoje conhecemos como o Sítio Serragem, e posteriormente para o local onde se situa o Colégio Nossa Senhora de Lourdes, em frente à praça já mencionada. E conseguiu a licença para o funcionamento desse colégio antes mesmo da concedida ao Liceu Paraibano. Então foi o primeiro colégio do que conhecemos como de ensino médio no nosso estado e região. Com a fama dessa instituição sendo espalhada, vieram muitos estudantes de outras cidades para morar em nosso sítio das Cajazeiras, e algumas de suas famílias então, por causa do colégio, essa fazenda foi tomando forma de uma vila, que posteriormente veio a se tornar nossa cidade. Então fica a minha opinião teimosa: o Padre Rolin foi o maior responsável pela formação da nossa cidade de Cajazeiras. Pensar de oura forma, é diminuir sua obra, seria, comparativamente, afirmar que Juazeiro foi fundado pelo sujeito que edificou a capela ao lado do engenho em que Padre Cícero (que foi aluno de Padre Rolim e tinha muito respeito por ele) foi lá rezar uma missa e lá ficou. O nosso Padre Mestre ainda foi responsável pela formação de muitos bacharéis e do primeiro cardeal das américas, o Cardeal Arcoverde, que saiu de Cajazeiras direto para Roma. D Pedro II, o mais iluminado homem que já governou nosso país na minha a modesta opinião, o chamava de “o Anchieta do Norte”. São fatos insofismáveis. Nega-lo o título de fundador de Cajazeiras é a minha opinião um sacrilégio com um sentido de tentar diminuir o maior vulto que nossa cidade já produziu.

Sem o Padre Rolim, seu sacrifício, e sua obra pedagógica, Cajazeiras, com a conhecemos não existiria, ele fez a diferença, e ele merece ter o os louros de ser o fundador de nossa cidade.

Dessa opinião eu não abro mão de forma alguma, mesmo que me apresentem as maiores e irrefutáveis provas. Nosso Padre Mestre devia ser elevado aos altares, não à lata de lixo da História como eu acho que querem alguns, que respeito suas opiniões, mas absolutamente não comungo com elas.

Recentemente eu li uma matéria em que um jornalista brasileiro perguntava a um membro da Academia sueca o porquê de nunca o Brasil ter sido agraciado com um prêmio Nobel. O acadêmico respondeu: nem vai ser; é que os brasileiros odeiam seus heróis. Noutro contexto, houveram críticas absolutamente descabidas quando o um filme brasileiro ganhou o seu primeiro Oscar. Pessoas daqui revoltadas com o fato de o cinema brasileiro ter sido finalmente reconhecido internacionalmente. Se faz aqui, algo semelhante com nossa figura maior. Lastimável.

Cajazeiras, 25 de março de 2025.


Os textos dos colunistas e blogueiros não refletem, necessariamente, a opinião do Sistema Diário de Comunicação.

Saulo Péricles

Saulo Péricles

Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: pepepires17@gmail.com
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Saulo Pericles Brocos Pires Ferreira (Pepe): Engenheiro Mecânico, especializado em engenharia de segurança do trabalho, Advogado, Perito em segurança do Trabalho e Assessoria Jurídica, membro fundador da Academia Cajazeirense de Artes e Letras.

Contato: pepepires17@gmail.com

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