A Saída dos brasileiros da poupança
Por: Elan Nascimento Apolinário
Assessor de Investimentos credenciado à XP Investimentos
Criada há mais de 150 anos, a caderneta de poupança é um dos investimentos mais tradicionais e populares do Brasil, historicamente utilizada como um instrumento simples e acessível para guardar dinheiro. A poupança é uma modalidade de investimento em renda fixa de baixo risco e alta liquidez oferecida por bancos.
Os principais atrativos da poupança são a sua liquidez diária, o que significa que o dinheiro investido pode ser resgatado a qualquer momento sem grandes dificuldades, e a isenção de impostos no resgate. Isso é especialmente útil em situações emergenciais onde se precisa do dinheiro rapidamente.
Como funciona a rentabilidade da poupança
No entanto, apesar de suas vantagens, a poupança também apresenta algumas limitações. Uma delas é o baixo rendimento, que historicamente tem sido inferior a praticamente todas as outras opções de investimentos disponíveis no mercado.
A rentabilidade da poupança varia conforme o patamar da taxa Selic. Quando a Selic está igual ou abaixo de 8,5% ao ano (a.a.), o rendimento corresponde a 70% da taxa de juros mais a taxa referencial (TR). Quando a Selic está acima de 8,5% a.a, a rentabilidade muda e passa para 0,5% ao mês mais o pagamento da taxa referencial. Essa taxa referencial é bem próxima de 0 (zero).
Essa rentabilidade baixa pode fazer com que em períodos de alta inflação a rentabilidade real da poupança fique até negativa, o que significa que o dinheiro investido na poupança pode perder poder de compra ao longo do tempo.
O êxodo para outros investimentos
Por conta disso, nos últimos anos um fenômeno ocorre no Brasil, a saída massiva de brasileiros que aplicam dinheiro nesse tipo de investimento.
Em 2023, as retiradas de dinheiro das cadernetas de poupança foram maiores que os depósitos em R$ 87,8 bilhões, de acordo com dados do Banco Central que apontam que em 2023 os depósitos somaram R$ 3,82 trilhões e as retiradas totalizaram R$ 3,91 trilhões.
As razões para a saída
Existem algumas razões que podem ser apontadas como causas principais dessa migração da caderneta de poupança para outros investimentos:
- Baixo rendimento: Conforme já fora mencionado, a rentabilidade da caderneta de poupança tende a ser baixa, mesmo com a isenção de impostos;
- Perda para a inflação: Em períodos de alta inflação, a rentabilidade real da poupança pode se tornar negativa, o que significa que o dinheiro investido na poupança pode perder poder de compra ao longo do tempo.
- Opções similares e melhores: Com a evolução do mercado financeiro, surgiram diversas opções de investimento com potencial de retorno maior do que a poupança e possuindo as mesmas vantagens que ela, simplicidade na aplicação e liquidez diária no resgate, a exemplo dos fundos de investimentos DI, tesouro Selic e CDBs de liquidez diária.
- Diversificação limitada: Dependendo dos objetivos financeiros e do perfil do investidor, a diversificação da carteira de investimentos pode ser limitada ao se concentrar apenas na poupança, o que pode reduzir a capacidade de obter retornos mais elevados ao longo do tempo.
Um caminho sem volta
Com o acesso cada vez maior a informações sobre investimentos e educação financeira, as pessoas estão se tornando mais conscientes sobre as diferentes opções disponíveis e estão buscando alternativas mais rentáveis e adequadas às suas necessidades financeiras. Com isso, estão começando a fazer uso das diversas possibilidades de investimento que existem no mercado para aplicar com mais rentabilidade e diversificação seu capital.
Ter uma parte do nosso capital em ativos com liquidez diária é fundamental para garantir estabilidade financeira, segurança e flexibilidade para lidar com uma variedade de situações e oportunidades ao longo da vida, mas isso não significa ter que aceitar uma rentabilidade baixíssima, sendo que existem opções melhores que cumprem com o mesmo objetivo.
Portanto, aproveite as oportunidades do mercado financeiro e não esqueça que em caso de dúvida recorra a um profissional do mercado, a exemplo do assessor de investimentos que é um profissional capacitado para te oferecer conselhos personalizados com base em suas metas financeiras específicas, tolerância ao risco e situação financeira geral.
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