A queda da taxa de juros e seus reflexos
Por Elan Nascimento Apolinário – O Banco Central do Brasil utiliza quatro grandes ferramentas de política monetária para controlar a quantidade de moeda em circulação na economia e controlar a inflação, buscando promover um crescimento econômico sustentável para o país. A ferramenta mais conhecida pelo público geral por ser amplamente veiculada nos meios de comunicação é a definição da Taxa Selic.
A taxa Selic é a taxa de juros básica da economia brasileira e serve de parâmetro para todas as outras taxas de juros praticadas no mercado financeiro, como a taxa dos empréstimos e financiamentos oferecidos por bancos, bem como a taxa de remuneração de investimentos de renda fixa.
A definição da Taxa Selic é realizada por uma instância do Banco Central chamada de COPOM (Comitê de Política Monetária), cujos membros são os próprios diretores do Banco Central. O COPOM se reúne a cada 45 dias e durante essas reuniões seus membros analisam um conjunto de indicadores econômicos para definir o que fazer com a taxa de juros, se ela deve se manter como está, se deve subir ou se deve cair.
Em reunião ocorrida na última quarta-feira (20), o COPOM decidiu baixar em 0,50 ponto percentual (p.p) a taxa básica de juros, passando a Selic de 13,25% para 12,75% ao ano. A queda dos juros já era esperada pelo mercado, já que estamos vivenciando uma estratégia de alívio da política monetária com uma taxa de juros em queda e que se espera continuar nas próximas decisões. Sendo assim, quero neste texto apontar o que se espera acontecer na economia quando temos uma taxa de juros em ritmo de queda.
Num cenário de queda de juros, o efeito mais rápido a ser sentido é uma reprecificação na remuneração dos ativos de renda fixa no mercado financeiro. Investimentos em renda fixa, como títulos públicos e CDBs, por exemplo, passam a oferecer um retorno menor aos investidores, o que faz com que investidores mais atentos comecem a aumentar aos poucos seus investimentos em ativos de maior risco, como ações.
Na sequência, essa redução da taxa de juros traz um benefício sobre as finanças públicas reduzindo os custos de financiamento do governo. E a depender de como o governo esteja conduzindo a política fiscal ele pode aproveitar essa oportunidade para melhorar o equilíbrio fiscal ou aumentar gastos, já que o custo para se financiar diminuiu.
Depois vem os reflexos sobre a sociedade como um todo, promovendo um estímulo ao consumo das famílias e ao investimento empresarial, pois taxas de juros mais baixas tornam o financiamento de bens, como automóveis e imóveis, mais acessível para os consumidores, podendo trazer um aumento de demanda por esses produtos. Da parte empresarial, as empresas podem tomar empréstimos a taxas de juros mais baixas para financiar expansões, modernizações ou novos empreendimentos, isso pode impulsionar o investimento privado e a atividade econômica.
Em última instância, taxas de juros mais baixas podem tornar os ativos financeiros contabilizados em moeda local menos atrativos para investidores estrangeiros, levando a uma desvalorização da moeda local, o que pode afetar o comércio internacional.
Entretanto, o impacto mais esperado é sobre a inflação, e a depender das condições econômicas, uma queda forte das taxas de juros pode gerar dois efeitos diferentes, aumentar a inflação se houver excesso de demanda na economia ou ajudar a combater a inflação, estimulando o crescimento da produção e do emprego se o contexto for de baixo crescimento econômico.
Referências
CNN BRASIL. Banco Central cumpre expectativa e corta juros em 0,5 ponto, para 12,75% ao ano. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/banco-central-cumpre-expectativa-e-corta-juros-em-05-ponto-para-1275-ao-ano/ Acesso em: 25 set. 2023.
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